O rebanho bovino brasileiro somou 218,15 milhões de cabeças em 2020, 1,5% mais que em 2019 e maior patamar desde 2016 (218,19 milhões), segundo a nova Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada ontem pelo IBGE.
O Estado de Mato Grosso manteve a liderança no segmento, com 32,7 milhões de cabeças (aumento de 2,3% em relação a 2019), seguido por Goiás (23,6 milhões de cabeças). O Pará ultrapassou Minas Gerais e ficou com a terceira posição no ranking estadual, com 22,27 milhões.
Para a pecuária bovina brasileira, foi mais um ano marcado pelo crescimento da demanda da China. Por causa da peste suína africana, houve redução do plantel de porcos no país asiático e suas importações de proteínas em geral cresceram para suprir sua demanda interna.
Mais de um terço do rebanho bovino brasileiro estava no Centro-Oeste no ano passado (34,6% do total, ou 75,4 milhões de cabeças). Mas o maior incremento foi na região Norte 5,5% (2,7 milhões de cabeças), para 52,4 milhões de cabeças.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Brasil tem o segundo maior efetivo de bovinos do mundo e é também o segundo maior produtor de carne bovina. Em exportações, é líder.
Conforme os dados da PPM, São Félix do Xingu, no Pará, manteve a ponta entre as cidades do país com maior rebanho bovino em 2020. Sexta maior cidade brasileira em extensão territorial, com o dobro do tamanho da Holanda, São Félix do Xingu tinha, no fim de 2020, 2,36 milhões de cabeças de gado, um aumento de 5,4% ante o ano anterior.
O município do sudeste paraense também se destacou negativamente nos últimos anos por causa do elevado desmatamento. Em agosto de 2021, foi a terceira cidade com mais focos de calor na Amazônia Legal, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
Ainda conforme a pesquisa do IBGE, a produção brasileira de leite cresceu 1,5% em 2020 em relação a 2019 e atingiu o recorde de 35,4 bilhões de litros. Também houve aumento de 30,8% no valor da produção, para R$ 56,5 bilhões.
A PPM apontou que o preço médio nacional do litro do leite ficou em R$ 1,59 em 2020, uma alta de 28,9% ante o ano anterior. Já a produtividade média avançou 2,4%, para 2.192 litros por vaca/ano. O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite e tem o terceiro maior efetivo de vacas ordenhadas no mundo, segundo as estatísticas do USDA.
Quase um terço (27,3%) de todo o leite produzido no país veio de Minas Gerais, que produziu 9,7 bilhões de litros, 2,6% mais que em 2019. O Paraná ocupa o segundo lugar no ranking dos maiores Estados produtores, com 4,64 bilhões de litros e 13,1% do total nacional. O Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição, com 4,29 bilhões de litros em 2020.
Juntos, os três Estados concentram, portanto, mais da metade do leite produzido no país (52,4%). Minas Gerais é o principal produtor, mas o município líder está no Paraná. Castro produziu, em 2020, 363,9 milhões de litros, com valor de produção de R$ 651,4 milhões.
Em outra frente, o efetivo de galináceos(galos, galinhas, frangos, frangas, pintos e pintainhas) chegou ao recorde de 1,479 bilhão de cabeças em 2020. O número representou uma alta de 1,5% ante 2019, ou 21,7 milhões de animais a mais.
Na liderança do ranking dos Estados com maior efetivo desde 2005, o Paraná tinha, em 2020, 395,2 milhões de cabeças, um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior. O Estado respondeu, sozinho, por pouco mais de um quarto do total nacional (26,7%). Na segunda posição veio São Paulo, com 200,6 milhões de cabeças e 13,6% do total nacional no ano passado mas redução de 2,1% em relação a 2019.
Entre os municípios, Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, permaneceu com o maior efetivo de galináceos, o que acontece desde 2016. No ranking das cidades destacam-se também Cascavel (PR) e Bastos (SP).
Já o efetivo de galinhas para a produção de ovos somou 252,6 milhões em 2020, segundo o IBGE, com alta de 2% no ano. São Paulo ficou com o maior efetivo, com 21,4% do total nacional. Nos três municípios líderes, aparecem novamente Santa Maria de Jetibá (ES) e Bastos (SP), seguidos por São Bento do Una (PE).
Assim, a produção brasileira de ovos de galinha cresceu 3,5% em 2020 no país em relação a 2019 e atingiu o recorde de 4,77 bilhões de dúzias, sempre de acordo com a PPM. O valor de produção subiu 17,4% e chegou a R$ 17,81 bilhões.
Com a pandemia, apontou o IBGE, o ovo foi a proteína animal mais acessível. O Sudeste foi a região com maior participação na produção nacional, com 2,05 bilhões de dúzias, ou 43% do total nacional. Em segundo lugar veio o Sul, com 1,08 bilhão de dúzias e quase um quarto da produção brasileira (22,7%), seguido pelo Nordeste, com 841 milhões de dúzias e fatia de 17,6% do bolo.
Sozinho, o Estado de São Paulo respondeu por um quarto (25,6%) da produção nacional de ovos, com 1,22 bilhão de dúzias. O volume foi duas vezes superior ao do Paraná, que ficou em segundo lugar com 450 milhões de dúzias, ou 9,4% do total do país.
A PPM também mostrou que o efetivo de suínos alcançou 41,1 milhões de cabeças em 2020, 1,4% a mais que em 2019. O Brasil tem o quarto maior plantel de suínos do mundo, e é o quarto maior produtor e exportador de carne suína.
No caso dos suínos, Santa Catarina manteve a liderança entre os Estados, com 7,8 milhões de cabeças em 2020 e alta de 2,8% na comparação com 2019. Já o município de Toledo, no Paraná, foi o maior produtor, com 1,2 milhão de cabeças, ou 2,9% do total nacional.
O aumento do custo de produção, com a alta dos grãos e a valorização do dólar que torna as exportações mais atrativas para os produtores –, pressionaram os preços de carnes de frango e suína e dos ovos em 2020, o que também favoreceu o avanço dos efetivos de aves e suínos, segundo Mariana Oliveira, supervisora da PPM 2020.
“Houve a situação das commodities agrícolas [alta de preços] e isso também afeta os produtores de animais, porque precisam alimentar os animais com milho, por exemplo. Para a produção continuar viável, tem um repasse dos custos. E também tem a desvalorização do real frente ao dólar, que torna a exportação mais atrativa, isso afeta também a pecuária porque há o incentivo para a exportação de carnes”, afirmou.
Nesse contexto, há também o aumento de demanda para as proteínas animais de custo mais acessível, explicou ela como as carnes de frango, suína e os ovos. “No ano atípico que foi 2020, acabou ficando mais importante ainda encontrar uma proteína acessível. Além de os preços serem diferentes entre as proteínas, aumentaram ainda mais”.
A piscicultura, finalmente, cresceu 4,3% no país e chegou a 551,9 mil toneladas em 2020, segundo a PPM. O principal Estado produtor é o Paraná, com 25,4% do total nacional, com destaque para Nova Aurora (PR), que concentrou 3,6% do total.
A produção de camarão em cativeiro, por sua vez, teve alta de 14,1%, totalizando 63,2 mil toneladas. Juntos, Rio Grande do Norte e Ceará responderam por quase 70% (68%) da produção no ano passado. O município de Aracati (CE) foi o maior produtor, com 3,9 mil toneladas.
Fonte: Valor Econômico