Com demanda firme e garantida, cria de ano rompe novamente os recordes históricos de novembro do ano passado e encosta em R$ 2,8 mil em praças importantes
“Para onde o boi vai, o bezerro segue atrás”, diz Yago Travagini, analista de mercado pela Agrifatto, referindo-se aos avanços dos preços dos animais terminados nas últimas semanas, movimento que tem ajudado a acelerar os negócios envolvendo bovinos de reposição – e, claro, resultando também na valorização do bezerro e demais categorias do setor.
“A forte valorização do boi gordo nos últimos 30 dias continua a abrir espaço para a que os compradores de bezerro e gado magro aceitem pagar mais por eles”, ressalta Travagini. Com isso, continua o analista, nesta semana, a cotação do bezerro evoluiu 7,61% na comparação com a sexta-feira retrasada, para R$ 2.791,34/cabeça, em São Paulo, rompendo novamente os recordes históricos observados ao fim de novembro/20.
Apesar de ser o último a “embarcar” na alta de janeiro/21, o bezerro finalmente foi junto com o boi gordo, acrescenta o consultor da Agrifatto. “Ótimo para o criador, mas nem tanto para o recriador, observa Travagini. “Ainda que a cotação do animal gordo esteja atingindo patamares históricos, lembramos da máxima do mercado financeiro: ‘Rendimentos passados não são garantias de lucros futuros’”, pondera Travagini.
Segundo o analista, a reposição desses animais nas fazendas ganha contornos preocupantes sobre a margem dos recriadores, isso porque “o custo de aquisição do animal já está 52% mais caro do que há um ano atrás e os insumos de alimentação (segundo principal componente de custo de quem faz engorda de animais), como milho e farelo de soja, estão 64% e 121% mais onerosos quando comparados a janeiro/20”. “Entramos em uma janela de operação perigosa, mas ainda “saudável”; temos custos elevados, mas o boi gordo circula acima dos R$ 295/@ em São Paulo, e (por isso) o retorno ainda é positivo”.
Este é o cenário atual, mas o que garante a manutenção dele para o bezerro comprado hoje (janeiro/21) e que será entregue em 2022?, indaga o consultor da Agrifatto. Ele lembra que, atualmente, os criadores estão segurando as fêmeas, que estão produzindo um grande volume de bezerros, que, por sua vez, irá “encher o mercado de boi gordo em algum momento”. “Provavelmente isso ocorrerá nos próximos anos”, projeta. Levar um bezerro há níveis máximos agora pode significar vendê-los em 2022 a preços de boi gordo que estariam longe dos R$ 300@”, observa Travagini. “O olhar de longo prazo deve estar atento a tais ressalvas, lembrando que a pecuária eficiente não se faz em um ano, mas sim em vários”, alerta.
Dia a dia da reposição
Nesta semana, o mercado de reposição voltou a registrar altas quase que generalizadas entre as principais categorias de gado jovem, informa a IHS Markit. A oferta de animais para comercialização segue muito restrita e conferindo firmeza aos preços, relata a consultoria.
As recentes altas nos preços da arroba bovina possibilitaram uma retomada mais consistente na procura por lotes de gado magro, uma vez que a paridade poder de compra do pecuarista melhorou muito neste começo de mês, continua a IHS.
“Além da melhora na relação de troca, a maior incidência de chuvas em importantes áreas pecuárias do País vem contribuindo para recuperação e vigor das pastagens na maioria dos Estados, o que também favorece uma maior liquidez encabeçada pela crescente procura”, analisa a consultoria.
Nesta primeira semana de fevereiro, os preços de gado mais erado se mostraram mais firmes e a maior demanda por fêmeas também ofereceu suporte à categoria, informa IHS. Na região Centro-Oeste, o mercado de reposição trabalha com preços firmes em função da presença de compradores de outros Estados, apurou a consultoria.
No Mato Grosso do Sul, o preço do bezerro de ano e do garrote subiu em função da firme procura e descompasso entre oferta demanda. Em Goiás, a firmeza dos preços é mais consistente para lotes de animais com mais de 18 meses, relata a IHS. Já no Mato Grosso, mesmo com poucos negócios efetivos devido à oferta restrita, os preços apresentaram leves altas ante a semana passada.
Na região Sudeste, os preços da reposição consolidaram novas altas também devido à firme procura e à forte liquidez dos leilões. Em Minas Gerais, relata a IHS, o mercado também é de preços firmes, mas poucos negócios são efetivados em função da forte especulação altista.
Na região Sul e Norte do País, os preços também esboçaram firmeza. No Norte do País, semelhantemente, os preços também seguem firmes. No Norte, além da necessidade de repor plantel local, há a demanda adicional de navios que exportam gado em pé, acrescenta a IHS.
Fonte: Portal DBO