O governo brasileiro seguem na expectativa de que outros países liberem os embarques, como Japão, Coreia do Sul e a própria Indonésia, mercados que pagam muito bem pela proteína.
Mercado que os exportadores de carne bovina brasileira almejam há um bom tempo, o Japão disse estar, atualmente, “trabalhando com técnicos responsáveis pelas quarentenas do Brasil e do país asiático no processo de liberação da importação de carne bovina brasileira”. A resposta foi dada ao Broadcast Agro pela embaixada do Japão no Brasil, ao ser consultada a respeito de como andam os trâmites para que a carne bovina in natura daqui tenha sua passagem liberada em território japonês.
Ainda de acordo com a embaixada, a autorização para que o Brasil tenha os embarques da proteína liberados para lá está sendo discutida tecnicamente entre as nações, “com base na ciência e tecnologia”.
Também consultado pelo Broadcast Agro, o Ministério da Agricultura brasileiro confirmou, em nota telegráfica, que mantém contato com a área sanitária do país asiático, “com vistas a viabilizar essa exportação no futuro breve”.
A hipótese de o Japão liberar seu mercado ao Brasil voltou ao radar nesses últimos dias, com os focos de febre aftosa detectados na Indonésia a apenas 100 quilômetros da Austrália, que é fornecedora de carne bovina para o país asiático e concorrente do Brasil no mercado global de carne bovina. Caso o vírus que infecta bovinos ultrapasse as fronteiras australianas, há risco de suspensão, pelo menos temporária, de importação por parte de várias países, entre eles, o Japão.
O Brasil, líder e concorrente da Austrália no mercado global de carne bovina, não exporta a proteína vermelha ao Japão justamente porque 100% do seu território ainda não conta com o status de “livre de aftosa, sem vacinação”, chancelado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Essa chancela, segundo o ministro da Agricultura, Marcos Montes, deve ser conquistada pelo País apenas em 2026. Os japoneses só adquirem carne bovina de países que não só não têm a doença, como não vacinam mais os rebanhos, caso da Austrália.
Desde que o Brasil conquistou o mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura, em fevereiro de 2020, frigoríficos e o governo brasileiro seguem na expectativa de que outros países liberem os embarques, como Japão, Coreia do Sul e a própria Indonésia, mercados que pagam muito bem pela proteína e se pautam, conforme participantes do mercado, pelas decisões dos EUA neste setor.
Entretanto, até o momento, a situação segue sob negociação, como revelam a embaixada japonesa e o Ministério da Agricultura brasileiro. A embaixada informa, ainda, ao Broadcast Agro que, em 2020, o Japão produziu 335.559 toneladas de carne bovina e importou quase o dobro, ou 590.992 toneladas.
A Austrália, logicamente, busca evitar a todo custo que o vírus da aftosa entre em seu território. Com os casos de febre aftosa avançando sobre a Indonésia, a apenas 100 quilômetros das fronteiras do país da Oceania, os australianos elevaram fortemente os níveis de biossegurança nas fronteiras para evitar não só a perda de mercados importantes e valorizados a Austrália é o quarto maior exportador global de carne bovina -, como o sacrifício de milhares de animais (prática obrigatória em caso de focos da doença) num momento em que seu rebanho vem sendo recomposto após uma severa seca no país.
Fonte: Estadão Conteúdo