A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, negou que a relação diplomática entre Brasil e China esteja estremecida e afirmou não ver como ato político a manutenção do bloqueio chinês à carne bovina brasileira, que já dura quase dois meses. Ela disse que mantém conversas eminentemente técnicas com os chineses e que a troca de informações necessárias para a reabertura do mercado está em fase final.
Em entrevista à CNN, a ministra esclareceu que, até o momento, nenhuma carga brasileira de carne entrou na China. Ontem, circulou a informação de que uma carga havia sido liberada no porto de Xangai. O Valor informou que houve apenas uma sinalização com o pedido da documentação necessária para o ingresso do produto em território chinês.
“Temos contêineres chegando à China, mas ainda não houve liberação de nenhum”, disse. Tereza Cristina não estipulou prazo para a reabertura das exportações, mas refutou a possibilidade de que o embargo seja uma retaliação às críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro ao país asiático.
As exportações foram suspensas voluntariamente pelo Brasil, como manda o protocolo bilateral, em 4 de setembro, após a identificação de dois casos atípicos do mal da “vaca louca” em Mato Grosso e Minas Gerais. “Eles pedem informações sobre a análise de risco do sistema brasileiro para fazer essa detecção”, afirmou na entrevista.
As conversas lideradas pela Pasta ainda não evoluíram para um desfecho, mas a ministra espera que a reabertura aconteça no “curtíssimo prazo”. “Estamos avançando (…) Dentro do que eles vêm pedindo de informações, agora estamos na fase final de informações”, emendou.
Tereza Cristina disse que não acredita que a morosidade para a liberação das cargas seja uma estratégia comercial para reduzir os preços da carne bovina importada pela China. “Isso são estratégias, políticas internas, mas a parte sanitária o Ministério da Agricultura tem tratado com lisura e transparência para que não fique dúvida de que a gente pode garantir a qualidade dos nossos alimentos”.
Com o aumento recente da produção interna e do estoque de carne suína na China, a queda das exportações da proteína bovina brasileira já era esperada, disse a ministra. A urgência para a retomada dos embarques, lembra ela, deve-se ao fato de o produto já estar pronto e, em grande parte, pago pelos chineses. “A carne está pronta e não tem mais qualquer risco, mas os técnicos precisam dar o ok para que a gente possa mandar, até porque 40% dessa carne os exportadores brasileiros recebem mesmo antes de ela chegar à China”, pontuou.
Fonte: Valor Econômico