China compra soja no Brasil para outubro com problemas causados pelo furacão nos EUA

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Atenta aos problemas logísticos causados pela passagem do furacão Ida no estado da Louisiana, nos Estados Unidos, a China comprou um navio de soja do Brasil para embarque em outubro, segundo informa ao Notícias Agrícolas a Agrinvest Commodities. Os traders reportaram negócios com o basis custo e frete China a 382 cents de dólar acima dos valores negociados na Bolsa de Chicago. 

“Apesar de mais cara, a China optou pela compra da soja brasileira por conta dos problemas logísticos enfrentados pelos terminais no Rio Mississipi”, explica o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo.

Ao chegar a Nova Orleans, o Ida – agora já classificado como tempestade tropical novamente – a intempérie comprometeu o terminal de elevação de grãos da Cargill das barcaças para os navios e, ainda de acordo com fontes ouvidas pela consultoria, a retomada da normalidade para as operações podem levar tempo. De acordo com um porta-voz da trading, que é uma das maiores do mundo, informou que os danos são significativos e que não há data de retomada dos trabalhos na planta em questão. 

“Esta área, no sudeste da Louisiana, ainda enfrenta problemas significativos de segurança pessoal e quedas de energia, então podemos apenas começar a avaliar o impacto da tempestade no sistema do rio. Atualmente, não temos um prazo para retomar as operações”, informou o comunicado  da Cargill. 

As imagens do terminal da Cargill depois do Ida circularam o Twitter e mostram a extensão dos estragos:

“O fluxo de grãos pelo NOLA está interrompido, fluxo que representa 60% da capacidade nacional de exportação de grãos”, afirma o time da Agrinvest. “Enquanto isso, o grão americano ficará represado, impactando seu programa de exportação que começará ganhar força a partir de outubro. Em relação à soja, se o problema de escoamento levar muito tempo para ser equalizado forçará compradores a buscar outras origens, favorecendo o Brasil”. 

Os Estados Unidos são agora mais competitivos tanto na exportação da soja, quanto de milho do que o Brasil e a Argentina. No entanto, depois dos problemas causados pelo furacão a diferença entre as duas principais origens diminuiu, como mostra o gráfico abaixo, da Bloomberg. 

Gráfico Bloomberg - Milho BR EUA ARG

As preocupações do mercado e dos produtores rurais se intensifricaram diante dos estragos causados em um dos terminais de exportação de grãos mais movimentados dos EUA também pela proximidade da colheita no país. É é justamente pela região do Delta do Mississipi onde os trabalhos de campo são iniciados, onde já há, inclusive, lavouras prontas para serem colhidas e onde começam a ser registrados as primeiras atividades de colheita. 

De acordo com informações da Bloomberg, além da Cargill, os times da Archer-Daniels-Midland Co. e da Bunge Ltd também já estão avaliando possíveis estragos que podem ter sofrido em elevadores de grãos e terminais portuários. Assim, ainda segundo a agência internacional de notícias, a ADM já afirmou que irá reabrir quatro elevadores em Nova Orleans que foram fechados nos final de semana e que Bunge fechou uma planta de processamento de soja no estado da Louisiana. 

BOLSA DE CHICAGO

Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa perdiam, na tarde desta terça-feira (31), por volta de 13h50 (horário de Brasília), de 17,25 a 18,50 pontos nos principais vencimentos, com o novembro e o janeiro já operando abaixo dos US$ 13,00 por bushel. O maio/22, referência para a safra brasileira, vinha sendo cotado a US$ 13,01. O milho também cede forte. 

Além da sazonalidade e da pressão exercida pela colheita, que se aproxima dos EUA, tais problemas logísticos também pesam sobre as cotações. 

“Como as tradings não estão mais vendendo por conta de todas essas adversidades, a China comprou soja no Brasil mesmo sendo bem mais cara. Isso quer dizer que os EUA já perderam embarque de setembro pro Brasil e podem perder outubro também, dependendo de quanto tempo vai levar a retomada das operações por lá”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

Fonte: Noticias Agrícolas

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