Os Estados Unidos estão ombreando com o Brasil em volume de exportações globais de carne bovina. Em faturamento, já passaram, especialmente por destinos melhor pagadores.
Previsão interna do mercado, corroborada pela USDA com base nas vendas de janeiro a maio, apontavam 1,5 bilhão de toneladas para o ano todo, mas os dados da primeira metade de 2021 podem aumentar as expectativas.
O país exportou 700,8 mil/t, 18% superior aos iguais meses de 2020. O Brasil vendeu 735,8 mil/t, 5% a menos.
No acumulado em valores, vê-se que a pouca margem superior brasileira em volume não se refletiu em receita superior aos concorrentes.
Os Estados Unidos faturaram mais de US$ 1 bilhão que os exportadores brasileiros, ainda de acordo com as estatísticas governamentais.
Exatamente, embarcaram carnes in natura e preparada no valor de US$ 4,64 bilhões, enquanto o Brasil internou US$ 3,51 bilhões.
Esse ganho acima está alinhado com a política de comércio exterior americana como um todo, além da característica de seus mercados produtor e destinatários da carne de boi especificamente.
No primeiro caso, os americanos são exportadores que aproveitam a valorização de seus produtos e não, exatamente, porque vendem o excedente. Tanto que também são importadores daquilo mesmo que exportam, como as carnes em geral.
O Brasil, ao contrário, vende o excedente, principalmente porque o rebanho cresceu, se tornando o maior do mundo, visando justamente os destinos externos e a China.
Em relação à conjuntura da pecuária de corte americana, há a premiação da carne vinda de bovinos taurinos, como os do Sul brasileiro e da Argentina, mais apreciada, bem como cortes mais nobres.
Com isso, além da segurança sanitária oferecida, que não é questionada, há janelas em mercados mais exigentes, nos quais o Brasil ainda engatinha ou nem entra.
O destino China, sim, está cada vez mais aberto, cresceu 1.000% de janeiro a junho, para 81 mil toneladas, mas é para Europa, Japão e Coreia do Sul que os Estados Unidos olham.
Foram 156 mil/t para o primeiro, mais 1%, mas acima de 6% em valor, e de 142,3 mil/t para os coreanos, 22% em quantidade, porém 31% em dólares.
Os números gerais devem subir muito nos próximos anos, sobretudo com a China, caso não haja retrocessos no Acordo Comercial Fase Um, que, diga-se de passagem, ainda não reproduziu todo o potencial de importações que os Estados Unidos esperam.
O Brasil tende a perder a liderança.
Fonte: Money Times