Puxado por um forte aumento do faturamento da pecuária, o sistema agroindustrial da carne bovina movimentou, das fazendas às gôndolas, R$ 747,1 bilhões no ano passado, 20,8% mais que em 2019. A estimativa faz parte do Beef Report, divulgado ontem pelo Brazilian Beef, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e pela ApexBrasil.
Segundo o trabalho, apenas o faturamento total da pecuária aumentou 40,3% na comparação, para R$ 178,2 bilhões, impulsionado pela alta dos preços do boi durante o ciclo de baixa da oferta. O Brasil abateu 41,5 milhões de cabeças no ano passado, o que gerou mais de R$ 144 bilhões.
Os frigoríficos, por sua vez, faturaram R$ 179 bilhões, dos quais R$ 44 bilhões vieram das exportações de carne bovina, que cresceram 8% no ano passado. A Abiec lembrou que os embarques totalizaram 2,69 milhões de toneladas, ante 2,49 milhões em 2019. “Esse aumento se deve não apenas ao número de países de destino, que passou de 154 para 157, mas também ao aumento do volume de carne destinada a mercados já consolidados, como a China, cujo volume exportado aumentou 127% entre 2019 e 2020”, realça o Beef Report.
Enquanto isso, a receita com as vendas de carne bovina e subprodutos no varejo totalizou R$ 204,64 bilhões – R$ 184,5 bilhões em vendas de carne e R$ 20,2 bilhões em outros itens. O estudo lembra que 73,9%, ou 7,6 milhões de toneladas de carne bovina, foram comercializadas no mercado doméstico no ano passado.
Já os segmentos de insumos e serviços prestados à pecuária registraram faturamento 18,7% menor no ano passado, de pouco mais de R$ 60 bilhões. Cerca de R$ 17 bilhões foram movimentados pela área de nutrição; cerca de R$ 1 bilhão em protocolos, materiais e sêmen; e R$ 2,8 bilhões em sanidade animal.
A Abiec destacou, ainda, que como o PIB do Brasil recuou 4,7% em 2020, para R$ 7,4 trilhões, a representatividade da pecuária de corte na economia do país aumentou de 8,4%, em 2019, para 10% no ano passado. Esse é o maior percentual desde 2010, ano em que começou a análise.
Muito já se discutiu sobre o tamanho real do rebanho brasileiro, e, segundo o Beef Report, o comportamento do mercado desde 2019 mostra que não há como o país abrigar um rebanho de mais de 215 milhões de cabeças de gado em seu território.
“A partir dos dados oficiais do Brasil e de diversos outros estudos conduzidos pela iniciativa privada, cada vez mais se aceita que o rebanho brasileiro esteja mais próximo dos 175 milhões a 180 milhões de cabeças, oscilando até 190 milhões em alguns meses do ano”, diz a publicação.
Para o ano passado, a estimativa de rebanho ficou em 187,6 milhões de cabeças. Mato Grosso continuou a liderar o ranking de Estados com mais bovinos, com 27,4 milhões de animais, ou 14,6% do total. Na sequência aparecem Goiás (10,51%), Minas Gerais (10,5%), Pará (9,67%) e Mato Grosso do Sul (9,08%).
Ainda de acordo com o Beef Report, mais da metade dos estabelecimentos que trabalham com a criação de bovinos têm menos de 20 hectares, isso significa 1,2 milhão de propriedades. Outras 1,1 milhão de fazendas têm entre 20 e 200 hectares. Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe têm mais propriedades com menos de 20 hectares do que maiores do que isso.
No cenário traçado para 2030, o Beef Report projeta rebanho total de 211,9 milhões de cabeças – mesmo com uma redução da área de pastagens de 165,2 milhões de hectares, em 2020, para 153,5 milhões -, produção de 14 mil toneladas de carne, exportações de 3 mil toneladas e consumo doméstico de 11 mil toneladas (foram 7,7 mil toneladas em 2020)
Fonte: Valor Econômico