O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) lançou, nesta quinta-feira (8), o maior Plano Safra de sua história. No ciclo 2021/2022, serão disponibilizados R$ 5,2 bilhões em crédito, 27% a mais do que na safra anterior. A apresentação ocorreu no evento online AgroShow Banrisul 2021, com participação da diretoria da instituição e de autoridades, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; da secretária estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti; e de lideranças do setor de agronegócio.
“Estamos muito felizes em ver o nosso banco do estado entrar em 2021 expandindo, como nós demandamos, o seu portfólio de produtos no agronegócio, que é um dos responsáveis pelo crescimento expressivo do PIB do RS no primeiro trimestre a partir do crescimento da produção e da produtividade das lavouras gaúchas. E o Banrisul é dos parceiros que permite que haja essa expansão da capacidade produtiva do campo e, assim, viabilizar ainda mais oportunidades de emprego e renda, não só para quem trabalha diretamente no campo, mas também nos centros urbanos, pois o dinheiro que sai do agro irriga toda a nossa economia”, destacou o governador Eduardo Leite.
Para a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Silvana Covatti, “o agronegócio do Rio Grande do Sul é uma grande referência para o país e, com a alta dos custos de produção que atingiu todas as cadeias, ficamos muito satisfeitos em ver o volume de recursos disponibilizados pelo Banrisul. Nossos produtores rurais precisam de apoio para custeio das lavouras e para investir em projetos estratégicos que fortalecerão, cada vez mais, a nossa agropecuária”.
De acordo com o presidente da instituição financeira, Cláudio Coutinho, a expectativa é beneficiar mais de 50 mil produtores rurais. “Para isso, nosso time de gerentes de agronegócios mais que dobrou para coordenar as ações técnicas e comerciais em todas as regiões do estado, ampliando o número de produtores rurais atendidos de forma personalizada por esses especialistas”, frisou.
O dirigente ressaltou que o Banrisul tem 350 agências com atuação especializada em agro. “Vamos inaugurar, entre julho e agosto deste ano, três novos espaços exclusivos para atender os produtores rurais, nos municípios gaúchos de Cruz Alta, Santo Ângelo e Passo Fundo”, anunciou.
Do total disponível nesta safra, R$ 4,5 bilhões serão destinados a custeio, comercialização e industrialização, enquanto R$ 700 milhões ficam direcionados a investimento. “Na safra 2021/2022, as linhas de investimentos terão direcionamento estratégico para práticas sustentáveis no campo, como agricultura de baixo carbono, energia fotovoltaica e biodigestores, além de irrigação, solos e armazenagem”, detalhou Coutinho.
Neste sentido, destacam-se a linha ABC e a modalidade AgroInvest Sustentabilidade, que visam incentivar a adoção de práticas sustentáveis e energias renováveis por produtores rurais, alinhado ao movimento de finanças verdes e ESG. Essa linha se soma ao AgroInvest 4.0, que o Banco disponibiliza para financiar novas tecnologias em produção agropecuária, a exemplo de drones e softwares de gestão e automação agrícola, acelerando a digitalização no campo. Para essas linhas, o Banrisul aporta recursos próprios e garante a disponibilidade dos financiamentos durante todo o ano safra.
Recursos por segmento
Do total de R$ 5,2 bilhões disponibilizados, R$ 1,04 bilhão corresponde ao crédito disponível para agricultores familiares e R$ 811 milhões aos médios produtores. Para os demais segmentos, como grandes produtores, empresas e cooperativas, a soma é de R$ 3,35 bilhões. O Banrisul também se consolidou como um dos bancos que acessam recursos equalizados diretamente junto ao Tesouro Nacional para operar o Plano Safra.
“O banco ampliou seu volume de recursos para R$ 1,19 bilhão disponíveis para o financiamento das principais linhas de custeio e investimento para o agronegócio. Buscamos equalização direta junto ao Tesouro Nacional para atender a demanda mesmo quando os recursos do BNDES se esgotam, como vem ocorrendo nos últimos anos”, destaca Cláudio Coutinho.
Seguros e outras ações voltadas ao agro
O Banrisul também anunciou, durante o AgroShow, que intensificará o trabalho para ampliar a área de lavouras seguradas no Rio Grande do Sul. Ao longo do ano safra serão disponibilizadas novas modalidades de seguros rurais, a partir de investimentos tecnológicos para inovar no processo de contratação e gestão.
Outras iniciativas do banco também foram lembradas no evento. Entre elas, está o AgroFácil Conecta, lançado neste ano, com o objetivo de simplificar o fluxo de operações de crédito no agronegócio, fortalecendo a conexão entre o Banco e seus parceiros do setor. Outro projeto que contempla o setor é o BanriTech, em parceria com o Tecnopuc, que contempla o agronegócio com um dos pilares do ciclo de aceleração que encerra em novembro.
Palestra
Após o lançamento do Plano Safra, foi realizada uma palestra que abordou o cenário macroeconômico na agropecuária e na agricultura nacional e mundial, proferida pelo especialista no setor Alexandre Mendonça de Barros. Alexandre – engenheiro agrônomo, doutor em economia aplicada e referência como um dos principais consultores em projetos na área de agronegócios – destacou o movimento crescente do segmento agrícola no Rio Grande do Sul, mesmo no período de pandemia. “Evidentemente que as questões climáticas afetam a produção agrícola gaúcha, mas a trajetória de ganhos de produtividade das últimas safras é muito positiva; é uma trajetória que mostra que o nível de investimento tecnológico está avançando, e que indica que há um grande potencial de expansão alicerçado em investimento”, salientou.
Painel
Encerrando a programação da manhã, a busca por produtividade com rentabilidade foi tema do painel Desafios do Agronegócio, mediado pelo vice-presidente e diretor de Controle e Risco do Banrisul, Irany Sant’Anna Junior. Participaram do debate o produtor rural e engenheiro agrônomo Maurício de Bortoli; o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski; e o presidente da CCGL, Caio Viana.
Bicampeão nacional de produtividade pela Cesb, Maurício de Bortoli iniciou o painel compartilhando sua experiência na construção de um sistema antifrágil para a cultura da soja: “Entendo que o cultivo tem de ser construído como uma casa, sendo os seus alicerces o ambiente; as paredes, a genética; e a cobertura, que seria o telhado, o manejo”, ilustrou.
Na sequência, o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, destacou o papel da pesquisa na viabilização de soluções que combinem produtividade e sustentabilidade: “A agricultura é um processo, e não um produto; a transformação do agro passa necessariamente por ações de pesquisa e desenvolvimento, e é com muita satisfação que percebemos os esforços do Banrisul no sentido de ser um parceiro nessa trajetória”, pontuou.
Último participante do painel, o presidente da CCGL, Caio Viana, salientou a importância de levar o conhecimento até o produtor rural: “Existe ainda um grande potencial inexplorado, tanto no agro brasileiro quanto no cenário gaúcho; cumprimentamos o Banrisul pela sua visão de cada vez mais investir nesse setor e assim prestar a sua contribuição na dinamização dos processos agrícolas”.
Fonte: Broadcast