Marcos Araújo, analista da Agrinvest, explica que milho argentino é mais competitivo e existe tendência de quedas nas cotações para o produto brasileiro
Apesar de a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ter aprovado a importação de uma variedade específica de milho geneticamente modificado vinda dos Estados Unidos como medida de amparo ao setor de proteína animal, que atualmente sofre com os altos preços do insumo, de acordo com Marcos Araújo, analista da Agrinvest, a aprovação veio ctarde demais.
“Essa liberação veio atrasada, mas é uma medida importante para o país para ter essa relação de troca. Entretanto, um milho vindo dos Estados Unidos hoje para chegar em Chapecó (SC), contando despesas logísticas, chega a um preço de R$ 105,49/saca de 60kg, enquanto um milho vindo da Argentina chega ao mesmo local com o valor de R$ 86,24/saca”, disse. A título de comparação, uma saca de milho brasileiro em Palma Sola (oeste de Santa Catarina), é cotada hpoje (21) a R$ 81,00/saca.
Sendo assim, de acordo com Araújo, a importação do cereal dos Estados Unidos não é viável, principalmente para a região Sul do Brasil, onde se concentra a produção de aves e suínos. “Talvez compense para os Estados do Norte e Nodeste do país”, devido a questões logísticas.
Além disso, o Brasil começa agora a colheita da segunda safra de milho, e mesmo com perspectiva de quebra em várias regiões produtoras devido a condições climáticas, é possível que haja pressão de baixa nos preços do cereal nacional.
Como indicativo deste espaço de baixas, Araújo cita a diferença entre as cotações do milho setembro/21 no porto, que hoje vale R$ 73,00 a saca e na Bolsa Brasileira (B3) que gira ao redor dos R$ 84,00, portanto permitindo ainda uma queda de R$ 10,00 a saca nos futuros.
Nova Possibilidade ao Produtor Brasileiro
Essa liberação de importação pode abrir a porta a liberação da produção desta variedade pelos próprios produtores brasileiros, assim como adiantou o presidente da Abramilho, Cesário Ramalho, em entrevista ao Notícias Agrícolas na semana passada, e criar abertura para a exportação para a China.
“Já que a CTNBio está aprovando a importação, é natural também que se aprove o plantio dessas variedades. Nós temos hoje várias trades chinesas já com filias atuando na originação direta do grão do produtor rural brasileiro e essa questão da decisão de importação do milho brasileiro é muito mais dependente de uma canetada do governo chines do que do brasileiro”, explica o analista.
Fonte: Noticias Agrícolas