Anuário da Piscicultura mostra crescimento da tilápia em dois dígitos anuais
A piscicultura brasileira avançou 5,93% em 2020, alcançando uma produção de 802.930 toneladas. Em 2019 foram 758.006 toneladas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (22), em coletiva de imprensa, pela Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), que lançou o Anuário da Piscicultura 2021.
Mesmo em um ano de desafios pela pandemia este foi o segundo melhor resultado desde 2014, ano em que começou o levantamento. O destaque fica por conta do segundo semestre onde houve uma maior demanda pelos produtos e os preços ao produtor tiveram melhor desempenho. Por outro lado a alta dos insumos da produção foi influenciada pela valorização do dólar e impactou na renda do piscicultor.
De 2014 a 2020 o setor cresceu 38,7%. “Tínhamos todos os fatores para um desempenho negativo em 2020, decorrente da questão da pandemia. Todo o setor se mobilizou para que pudéssemos ter uma manutenção dos nossos negócios. A pandemia trouxe incremento do consumo de peixe, especialmente no ultimo trimestre”, destaca o presidente executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros.
Consolidação da tilápia
A tilápia segue sendo o principal peixe cultivado no país. No ano passado registrou crescimento de dois dígitos, com alta de 12,5%, atingindo 486.155 toneladas, quase 55 mil toneladas a mais. Com isso a espécie também aumenta sua participação de 57% para 60.6% na produção nacional total de peixes. O Brasil se consolida como 4º maior produtor mundial de tilápia.
A liderança da tilápia é a Região Sul, que concentra 44% do total. O Paraná é líder isolado, com 166.000 toneladas das 213.351 produzidas na região. O desempenho paranaense é 135% maior que o segundo colocado São Paulo (70.500 toneladas). Em terceiro lugar vem Minas Gerais (42.100 t). Santa Catarina (40.059 t) e Mato Grosso do Sul (29.090) completam o ranking das cinco primeiras.
Por outro lado os peixes nativos não tiveram um bom desempenho e a participação nacional na produção foi reduzida em 3,2% ou 278.671 toneladas. Foram 9.259 toneladas a menos em um ano. “Falta de investimentos nos principais estados produtores e de regras ambientais claras em alguns, dificuldades de logística e problemas de comercialização trabalharam em conjunto para atrapalhar o desempenho deste importante segmento da piscicultura brasileira”, destaca o anuário. O maior produtor de peixes nativos é Rondônia, com 65.500 t.
As outras espécies (carpa, truta e pangasius, principalmente) mostraram bom desempenho, com crescimento de 10,9%. Destaque para o pangasius, que ganha espaço na produção, especialmente na região Nordeste, principalmente no Piauí e Maranhão. Em 2020, estas espécies somaram 38.104 t contra 34.370 t de 2019.
Desempenho por estados
Paraná segue sendo o líder nacional de produção de peixes. Foram 172.000 toneladas em 2020 contra 154.200 t no ano anterior Somente a tilápia cresceu 11,5% no Estado. O cenário é explicado pelo bom desempenho cooperativista, com incentivos à produção.
São Paulo está na segunda posição e teve crescimento de 6,9% em 2020. Esse avanço paulista está li¬gado à regulamentação ambiental nos últimos dois anos, além de ser um grande centro consumidor, o que atrai investimentos.
O bom desempenho dos peixes nativos coloca Rondônia na terceira mesmo tendo recuado 4,8% em 2020. O número (65.500 t) ainda é bem acima do quarto colocado que é Santa Catarina, cuja produção cresceu 3% e atingiu 51.700 toneladas.
O aumento da produção de pangasius foi um importante ingrediente para o Maranhão ser o quinto maior produtor de peixes de cultivo em 2020, superando o Mato Grosso. O Maranhão cresceu 6% e alcançou 47.700 toneladas no ano, enquanto o Mato Grosso produziu 2.600 t (recuo de 5,3%).
Minas Gerais mantém-se na sétima posição do ranking de estados produtores, com salto de 14,8% na produção (44.300 t). Mato Grosso do Sul também ficou estável (8ª posição), com crescimento de 8,7% na produção (32.390 t).
Inversão de posição também nos 9º e 10º lugares. A Bahia superou Goiás e ficou em 9º, com 30.270 t (+5,8%). A produção de Goiás manteve-se estável no ano, com sutil aumento de 0,2% (30.062 t).
Veja na arte da Peixe BR o crescimento por regiões:
Para Medeiros, o ano de 2021 deve continuar com crescimento mas é necessário ter uma mudança de comportamento do piscicultor passando a ver o negócio com gestão e não apenas local de produção. “Como há aumento do preços dos insumos e o mercado não aceita esse repasse, esse ano será de sintonia fina na genética que está comprando em alevinos, qualidade da ração, melhorar manejos, para vender bem. O piscicultor tem que se tornar este ano um empresário e não só um criador”, completou.
Fonte: Agrolink