Analistas do banco também projetam avanço no segmento de carne suína
Prejudicado este ano pela pandemia do novo coronavírus, sobretudo no mercado doméstico, o segmento de carne bovina se prepara para ampliar produção e exportações em 2021, confirmou cenário traçado pelo Rabobank em evento virtual realizado hoje.
De acordo com a equipe de análise do banco de origem holandesa, a produção deverá alcançar 10,4 milhões de toneladas no ano que vem, ante as 10,1 milhões previstas para este ano, ao passo que os embarques, que permanecem aquecidos em 2020,tendem a subir de 2,5 milhões para 2,6 milhões de toneladas.
Mas esses avanços dependem, é claro, de como vai evoluir a segunda onda da covid-19nos principais mercados, do ritmo da retomada econômica no país e no exterior depois que a doença estiver sob controle e do comportamento do câmbio. No caso do mercado doméstico, reformas que ainda esperam a vez para serem votadas no Congresso também podem influenciar a economia como um todo e o consumo de carne em particular.
Segundo o IBGE, no primeiro semestre a produção de carne bovina caiu de 5% em relação ao mesmo período de 2019. Mesmo com uma certa recuperação em curso, o volume tende a diminuir 3,5% no acumulado do ano. Para o Rabobank, essa redução deve favorecer a recuperação do rebanho bovino e melhorar a oferta de animais no ano que vem embora o ciclo pecuário ainda seja atualmente de baixa produção.
De acordo com o banco, o aumento do número de frigoríficos brasileiros habilitadas a exportar para a China, que pode ocorrer no curto ou no médio prazo, é outro fator positivo para o segmento. De janeiro a outubro, a China se manteve como o principal destino dos embarques brasileiros de carne bovina, seguida por Hong Kong e Egito. Juntos, esses três mercados absorveram 64% das vendas totais.
China também é o nome do jogo na área de carne suína, que deverá voltar a colecionar resultados positivos em 2021. Nos cálculos do Rabobank, a produção brasileira deverá aumentar de 4,1 milhões de toneladas, em 2020, para 4,2 milhões no ano que vem, e as exportações poderão subir de 1,1 milhão para 1,2 milhão de toneladas.
Neste ano, as compras do país asiático, cuja oferta doméstica ainda sofre com os reflexos da peste suína africana, têm representado quase metade dos embarques. Se somado Hong Kong, a participação chega a 67%. De janeiro a outubro, graça à dupla, a receita das exportações do Brasil registrou alta de quase 50%.
Também entrou no radar do mercado a chegada da peste suína na Alemanha, pela fronteira com a Polônia. Com isso, foram suspensas as vendas alemãs à China. Agora, o vírus bate nas portas de Holanda, Dinamarca e Espanha, o que poderá reduzir a disponibilidade de carne suína no comércio internacional.
No segmento de carne de frango, finalmente, as perspectivas do Rabobank são de estabilidade em 2021. O banco estima incrementos de 1% na produção, para 13,827milhões de toneladas, e também nas exportações, para 3,926 milhões de toneladas.
O banco lembrou que a Arábia Saudita, que historicamente liderava as importações de carne de frango do Brasil, desde 2019 vem reduzindo as compras para cumprir as metas de autossuficiência do governo até 2025, o objetivo é que a produção doméstica cubra 80% do consumo, ante os atuais 60%.
Mesmo com uma expectativa de aumento de 15% na produção chinesa de carne de frango este ano, após incremento de 10% em 2019, os embarques brasileiros para o país asiático se mantiveram crescentes e, mais uma vez, o apetite chinês poderá ser o fiel da balança em 2021.
Menores crescimentos nos volumes exportados, contudo, têm sido compensados pela maior liquidez no próprio mercado brasileiro, onde o frango é a proteína mais consumida pela população, em boa medida porque seus preços são mais baixos que os das carnes bovina e suína. Com a chegada das estações mais quentes, o Rabobank observou que a demanda doméstica melhora ainda mais, o que justificou uma forte ampliação do alojamento de pintos de corte em outubro.
Fonte: Valor Econômico