Previsão: alguns princípios de mercado, como a menor participação de fêmeas nos abates, podem indicar possível retorno do viés altista na arroba no fim do mês, arriscam analistas
O clima e a abundância de animais prontos para o abate continuam pressionando as cotações do boi gordo, relata a Agrifatto.
“Mesmo com os preços (da arroba) não atrativos e sem perspectiva de alta no curto prazo, os pecuaristas vem optando por abater seus animais a fim de liquidar os lotes e se preparar para a seca”, justifica a consultoria.
Na última semana, diz a Agrifatto, o indicador próprio levantado pela consultoria (considerando 17 praças brasileiras) recuou -0,61%, para R$ 217,73/@, enquanto o indicador Cepea (região paulista) registrou queda de 2,38%, com preço médio semanal de R$ 216,22/@.
Segundo a consultoria, a semana foi de menor quantidade de negócios no mercado do boi gordo. “Com isso, depois de algumas semanas consecutivas de aumento nas escalas de abate, a média nacional registrou recuo de 1 dia no comparativo semanal, estabelecendo-se em 13 dias úteis”.
Porém, na avaliação dos analistas da Agrifatto, sozinha, a redução observada na média das escalas não é o suficiente para mudar a trajetória das cotações.
“As indústrias permanecem com as programações em níveis confortáveis e, assim, as cotações do boi gordo continuam pressionadas para baixo”, reforça a consultoria.
Na semana passada, a praça que registrou a maior desvalorização foi Minas Gerais, com recuo de 0,98%, com a média semanal em R$ 201,62/@. Todas as outras praças monitoradas pela Agrifatto também registraram desvalorização na cotação da arroba (também no comparativo semanal).
Diante de tal comportamento, as indústrias frigoríficas continuam “fazendo dinheiro” somente com a venda de carcaça bovina.
Em maio/24, compara a Agrifatto, a diferença média entre a carcaça bovina e o preço pago pelo boi gordo foi de +3,92%, 1,67 ponto percentual acima do valor registrado em abril/24 e o maior nível desde setembro/23.
Na parcial de junho/24, essa diferença chegou aos 4,40%, diz a Agrifatto, acrescentando: nesse começo de mês a carcaça bovina foi vendida pelos frigoríficos para os atacadistas e distribuidores em média por R$ 15,15/kg (R$ 227,32/@), enquanto o boi gordo foi comprado em média por R$ 217,73/@.
“Dessa maneira, as indústrias já obtêm resultado positivo na venda da carcaça, sem contar os ganhos com couro, sebo e subprodutos”, ressaltam os analistas.
Mercado futuro – Com a consolidação do patamar de R$ 216/@ no Cepea (referência física), todos os contratos futuros do boi gordo responderam negativamente durante a semana, com destaque para o papel de junho/24, que recuou 1,48% e fechou a semana a R$ 222,70/@.
No entanto, diz a Agrifatto, chama a atenção a “firmeza” dos vencimentos futuros em relação ao mercado físico. Ao fim da última semana, o contrato para outubro/24 foi negociado a R$ 238,80/@, apresentando um ágio de 10,92% sobre o preço físico Cepea da última sexta-feira (07/06/24) – isso vale para todos os vencimentos futuros.
“Ou seja, neste momento, os operadores estão apostando que haverá uma valorização nas cotações do boi gordo nos próximos meses”, destaca a Agrifatto.
Durante o primeiro dia desta semana (10) foi possível ver uma forte valorização dos vencimentos futuros, com o mercado reforçando a aposta na alta nos próximos meses, mesmo diante de um mercado físico bem abastecido e em queda.
De acordo com os analistas, algumas “nuances” do mercado físico do boi gordo podem justificar essa movimentação mais firme na B3.
“O abate de fêmeas durante o mês de maio/24 já começou a perder força (conforme demonstrado no relatório de abate SIF), a escala de abate dos frigoríficos ‘mudou de direção’ em âmbito nacional e, em São Paulo, já foi possível ver uma leve alta nas cotações do mercado físico na última sexta-feira”, observa a Agrifatto.
Com isso, reforçam os analistas, o mercado do boi gordo pode estar mudando de direção, “mas ainda é cedo para afirmar que isso deve ocorrer já nos próximos dias”.
“Em caso de uma maior restrição de oferta (de boiadas gordas), os preços da arroba poderão melhorar a partir do fim de junho/24”, arrisca a Agrifatto.
Preços dos animais terminados apurados pela Agrifatto na segunda-feira (10/6):
São Paulo — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China”, R$225,00. Média de R$220,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$205,00. Escalas de abates de quinze dias;
Minas Gerais — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$180,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de dezessete dias;
Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$212,50. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias;
Mato Grosso — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$200,00. Vaca a R$185,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de dez dias;
Tocantins — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de quinze dias;
Pará — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de dezoito dias;
Goiás — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$180,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de quinze dias;
Rondônia — O boi vale R$185,00 a arroba. Vaca a R$170,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de catorze dias;
Maranhão — O boi vale R$195,00 por arroba. Vaca a R$175,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de doze dias;
Paraná — O boi vale R$210,00 por arroba. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de onze dias.
Fonte: Portal DBO