Impulso deve vir pelo aquecimento no consumo e menor oferta local
A China, principal compradora de carne bovina do Brasil, deve melhorar no ano que vem os preços pagos pela proteína, após recuos de mais de 20% nos valores vistos em 2023, estimou nesta terça-feira (28/11) o CEO da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz. O impulso deve vir pelo aquecimento no consumo e menor oferta local.
“O Brasil teve um momento em que ficou suspenso de embarcar carne para a China neste ano. Depois, tudo aquilo que não era permitido chegou de uma vez, e os estoques estão sendo consumidos”, afirmou o executivo durante o evento Minerva Day, sobre um dos fatores que levou à pressão no valor da tonelada exportada.
A suspensão temporária nas exportações brasileiras aconteceu no início deste ano, em função de um caso atípico da doença “mal da vaca louca” no Pará. Nestes casos, a paralisação de embarques ao mercado chinês ocorre de maneira automática, em atendimento a um protocolo entre os dois países, até que a China libere a retomada.
Sobre o consumo chinês, Queiroz destacou que uma nova geração da população, mais moderna e com certos hábitos ocidentais, mantém ampla demanda pela carne bovina. Além disso, não há sinais de concorrência direta com a proteína suína produzida lá.
“A imagem da carne suína sofreu muito na China com a febre suína e a carne bovina é vista como um produto mais nobre”, comentou.
Após visitas ao país asiático, o executivo conta que percebeu que os chineses não confiam muito no sistema sanitário local, justamente em função da peste suína africana (PSA) que dizimou rebanhos suínos chineses em meados de 2018/2019. O país levou anos para restabelecer seu nível de produção, atualmente está em um patamar elevado e ainda assim as importações de carne bovina continuam altas, apesar do preço menor.
Os valores médios da carne bovina importada pelos chineses caíram de US$ 6.621 por tonelada em 2022 para US$ 4.819 neste ano até outubro, um recuo de 27%, conforme levantamento da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) com base em dados do governo federal.
No volume adquirido, também houve queda mas de 7%, saindo de 1,05 milhão de toneladas no acumulado de 2022 para 980.016 toneladas em 2023, de acordo com a associação.
O sócio da consultoria MB Agro e membro do conselho de administração da Minerva, Alexandre Mendonça de Barros, destacou ainda durante o Minerva Day que a China também é produtora de bovinos e no próximo ano o ciclo pecuário começará a se inverter para redução de oferta.
“A produção interna aumentou, mas o ciclo pecuário vai piorar”, estimou o especialista.
Também do conselho da Minerva, Marcos Prado Troyjo, pontuou que o crescimento econômico chinês teve uma desaceleração, mas o nível de 4%, se mantido, ainda coloca a China na posição de segunda maior economia do mundo pelos próximos dez anos, par e passo com os Estados Unidos.
“E há uma relação quase umbilical entre o crescimento da China e o consumo (de carne)”, ressaltou.
Fonte: Canal Rural
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