Consumo per capita de carne bovina no Brasil caiu cerca de 11% ante 2021. Especialistas e pecuaristas enxergam possível melhora a partir de 2023
O ano de 2022 registrou queda de aproximadamente 11% no consumo per capita de carne bovina no Brasil ante o ano passado. Segundo especialistas, é o menor consumo per capita verificado nos últimos 10 anos. Otimismo no mercado é visto somente a partir de 2023.
Os desafios e as oportunidades do mercado bovino de Mato Grosso foi um dos pontos discutidos em Rondonópolis no último sábado (17) no 1º Encontro Técnico Pecuária de Corte. O evento foi uma iniciativa da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac).
Coordenadora da Inteligência de Mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Monique Kempa, comenta ainda ser visto no mercado interno uma estagnação no consumo, em especial diante dos altos patamares de preços encontrados nos supermercados.
“No médio prazo esperamos uma retomada. Uma melhora muito por conta da taxa de desemprego, que tem recuado no país como um todo, e também do rendimento dos brasileiros, que começam a se elevar”, explica Kempa.
Apesar da conjuntura para médio prazo poder favorecer o consumo, a especialista do Imea revela que para 2022 as projeções são de estagnação na aquisição de carne bovina por parte do brasileiro.
“No ano de 2022 tivemos um dos menores consumos per capita de carne bovina no Brasil. Isso é reflexo da pandemia. Como em 2022 não teve essa injeção de incentivos do governo, tivemos um recuo ainda maior no consumo per capita”, frisa Kempa.
Festividades e Copa do Mundo podem ajudar
Na avaliação de Marco Túlio Duarte Soares, pecuarista em Rondonópolis, uma possível movimentação de melhora no mercado poderá ocorrer a partir da segunda quinzena de novembro. A expectativa para tal é diante as proximidades das festas de ano, que incluem as confraternizações, além dos jogos da Copa do Mundo e o pagamento do 13º salário.
Otimismo na carne bovina é enxergado para 2023
O ano de 2023 é visto com esperança pelo setor da pecuária bovina. “2023 parece que vai ser um no bem diferente de 2022. As perspectivas no geral é que alguns rebanhos tem sido reduzidos e outros tem crescidos. Brasil, China e Índia são rebanhos que estão crescendo. Serão grandes players do mundo nos próximos anos”, salienta gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior.
Outra expectativa é quanto as exportações com a abertura de novos mercados e a retirada da vacina contra a febre aftosa, que pode abrir mais portas para brasileira, em especial a mato-grossense.
Momento de mudança no ciclo da pecuária
A coordenadora da Inteligência de Mercado do Imea comenta que em relação a pecuária o momento é de mudança do ciclo. A orientação é que o pecuarista esteja atento a tal fato.
“Viemos de um momento (2021) de maior retenção de fêmeas. Isso, trouxe um pico nos preços, mas desde os últimos meses temos visto uma inversão de ciclo. Uma maior oferta de fêmeas entrando no mercado e isso está trazendo um impacto sobre os preços, que estão em queda”, conforme Kempa.
A questão do valor pago pela arroba do boi ao produtor é destacada, também, como um dos problemas hoje da pecuária pelo gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior.
“Tivemos um ano de boas notícias com mercados novos sendo abertos e as exportações subindo. O problema é que a arroba está sendo paga no valor de dois anos atrás. A gente tem uma defasagem nos valores da arroba justamente junto com o achatamento do produtor”, diz o representante da Acrimat.
Não há luz no fim do túnel para 2022
De acordo Marco Túlio Duarte Soares, a curto e médio prazo os produtores não enxergam “uma luz no fim do túnel”.
“Estamos num momento delicado no mundo da pecuária. No estado e no Brasil. Momento esse onde nossos custos de produção vieram subindo. Hoje, a nossa rentabilidade deixa a desejar dentro daquilo que nós imaginávamos”, frisa o pecuarista.
Soares destaca que aqueles que trabalham com confinamento são os mais afetados com as margens negativas. “Aquelas pessoas que estão terminando o animal no semi-confinamento conseguem ajustar um pouco mais o seu negócio. Alguns grandes grupos colocaram animais dos seus confinamentos como estoque regulador e fez com que o mercado desacelerasse”.
Outro ponto para a desaceleração dos preços pagos ao produtor, destacado por Soares, é o poder de compra da população.
Fonte: Canal Rural