Pesquisadores da Unicamp desenvolvem antioxidante natural e anti Salmonella para carnes

Facebook
Twitter
LinkedIn
Print
Email
WhatsApp

FICHA DE CONSUMO DE SUPLEMENTO MINERAL GRÁTIS

Buscando substitutos para conservantes sintéticos potencialmente cancerígenos do grupo Hidroxitolueno Butilado (BHT) e Hidroxianisol Butilado (BHA) usados em produtos cárneos, pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA) desenvolveram um antioxidante natural inibidor da proliferação da Salmonella para adição na dieta dos animais. O produto, composto por óleos essenciais extraídos de plantas medicinais e aromáticas, pode impulsionar a produção aviária com menos riscos à saúde.

O estudo que deu origem à tecnologia surgiu de uma pesquisa coordenada por Marta Cristina Duarte, da Divisão de Microbiologia do CPQBA, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da empresa Ouro Fino Saúde Animal. A pesquisadora teve o apoio de sua aluna de doutorado, Adriana Figueiredo, na análise da efetividade de óleos essenciais para o controle da proliferação da Salmonella em frangos de corte. A doutoranda notou também uma atividade positiva em relação à combinação dos óleos essenciais extraídos de Thymus vulgaris e Ocimum gratissimum (blenda de óleos essenciais, ou BOE) como antioxidantes.

“Após todos os ensaios de efetividade in vitro, Adriana iniciou os testes com a blenda dos óleos essenciais aplicada em almôndegas de carne de frango. Essa combinação na carne crua produziu uma atividade antioxidante muito favorável, além do efetivo controle contra a Salmonella”, explica Duarte.

Os óleos essenciais poderão ser usados como conservantes naturais em substituição ao BHT e BHA e contornar dois dos principais problemas enfrentados pelos produtores para garantir a qualidade das mercadorias: a proliferação de bactérias como a Salmonella e a durabilidade dos produtos cárneos, altamente perecíveis. O invento já teve comprovação em carnes de frango e agora será analisado para outros tipos de carnes.

A tecnologia, incluída no Portfólio de Patentes e Softwares da Unicamp, está licenciada, com a intermediação da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a Terpenia. A equipe de transferência de tecnologias da Inova Unicamp estabeleceu uma estreita parceria com os pesquisadores do CPQBA a partir de outras negociações entre seus pesquisadores e empresas interessadas em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e tecnologias do Centro.

“Repetimos nesse licenciamento a parceria com os pesquisadores. Nosso trabalho foi realizar o processo de negociação. O licenciamento da patente é o primeiro contrato formalizado, entre as três negociações de tecnologias de interesse da empresa. Para a equipe de parcerias foi gratificante trabalhar com a Terpenia”, expõe Iara Ferreira, diretora de parcerias, da Inova.

A Terpenia é uma empresa especializada em pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de bioinsumos a partir de extratos vegetais, e tem fortes expectativas em relação ao desenvolvimento comercial dos produtos oriundos do invento. A empresa foi aprovada no programa PIPE, da Fapesp, e pode realizar os testes com maior avanço em direção ao mercado, como conta o sócio e responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Terpenia, Wolney Longhini:

“Tivemos um avanço significativo nos ensaios em escala produtiva, apoiados pela Fapesp, tanto para o antioxidante natural como para o inibidor de proliferação da Salmonella. Esperamos finalizar em breve os estudos para levar os produtos ao mercado”, explica.

Óleos essenciais na produção de antioxidante natural

Na formulação do antioxidante natural, os óleos essenciais são submetidos a um processo no qual são microencapsulados e transformados em um pó para aplicação direta nas carnes. A alteração dos óleos para o pó é feita a partir da combinação com polímeros, resultando em um produto sólido menos volátil, que facilita seu manuseio e aplicação. O responsável pela encapsulação do invento é o pesquisador do CPQBA, Rodney Rodrigues. No processo de solidificação dos óleos e consequente encapsulação, utiliza-se a técnica de Spray-Drying (Secagem por atomização).

“Esse equipamento cria uma névoa graças a um sistema que permite uma adição dupla no atomizador. O produto é então adicionado em forma de emulsão, permitindo a compatibilidade do óleo com a água. Para a emulsificação e a atomização usa-se ar comprimido. Isso gera uma névoa aquecida e transforma o produto em um pó, de modo semelhante ao processo de produção do leite em pó”, explica Rodrigues.

A tecnologia já passou por testes laboratoriais e constatou-se a mesma efetividade de conservação dos produtos sintéticos. O pó oriundo desses óleos poderia, assim, substituir os antioxidantes sintéticos, prejudiciais à saúde humana, sendo uma opção natural de conservação.

Importância do invento para a economia e os consumidores

A substituição dos conservantes sintéticos do tipo BHA e BHT é de extrema urgência, tanto por questões econômicas como ambientais e sanitárias. Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, esses promotores sintéticos têm potencial efeito cancerígeno, sendo proibidos em alguns países da Europa e no Japão.

O consumo desses produtos também afeta a economia do país, pois impede a exportação para países que proíbem esses conservantes; impacta, também, na saúde do consumidor, que faz a ingestão de alimentos com tais aditivos sintéticos. A carne mais consumida no Brasil é a de frango e o país é, desde 2004, o maior exportador mundial de carne aviária, como mostram dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“Desde o início da industrialização de alimentos utilizam-se conservantes sintéticos como o BHT e o BHA. Outros promotores de crescimento também são explorados nesses alimentos e, quando somados, temos uma alta quantidade de produtos prejudiciais à saúde ingeridos diariamente pela população. Isso impunha a busca de uma opção saudável para uso na alimentação humana”, explica Marta Cristina Duarte, pesquisadora da Unicamp responsável pelo invento.

Fonte: Unicamp

Facebook
Twitter
LinkedIn
Print
Email
WhatsApp

Autor

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *