Os preços da soja subiram forte nesta quarta-feira (19) e terminaram o dia de volta à casa dos US$ 14,00 por bushel. O maio encerrou o dia com US$ 14,00 e o julho, com US$ 14,06 por bushel. “O mercado parece estar caindo na real sobre a América do Sul”, explicou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Além das próprias notícias ligadas ao mercado da soja, as altas nos demais – principalmente trigo e derivados da oleaginosa – também puxaram o grão na carona. Somente nesta quarta, os futuros do trigo na CBOT terminaram o dia com altas de quase 30 pontos e o milho, com ganhos superiores a 10 pontos. O óleo de soja subiu mais de 2%, enquanto o farelo subiu mais de 1,5%.
Para Brandalizze, as perdas na América do Sul passam de 30 milhões de toneladas e essa realidade começa a aparecer mais nitidamente para o mercado internacional, que ainda vinha refletindo o avanço da colheita no Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso.
Mais do que isso, o consultor explica ainda que os volumes que já foram colhidos “rapidamente some”, com os contratos firmados anteriormente sendo cumpridos, e sem grãos suficientes para que novos negócios sejam efetivados, o que também acaba servindo como um suporte importante para as cotações.
“Vai faltar soja aqui na América do Sul nesta temporada. Teremos um ano de baixa oferta e forte consumo dos estoques, um dos maiores da história, porque já vinhamos de uma realidade de oferta e demanda muito ajustada”, explica. “Imagino que teremos uma safra global abaixo de 360 milhões de toneladas e uma redução esperada para os estoques na casa de 25%”, completa.
No paralelo, o consultor afirma ainda que o consumo tende a continuar forte, e que “a oferta é o gargalo”. Para a safra brasileira, sua estimativa é de perdas de quase 20 milhões de toneladas para a safra 2021/22, com destaque para as quebras no sul do país. Na avaliação de Brandalizze, as perdas no sul do Brasil são muito severas e têm pouco espaço para recuperação, mesmo que melhores condições de chuvas se confirmem nas próximas semanas.
“São perdas irreversíveis. É muito rara a condição de lavouras no Rio Grande do Sul, por exemplo, que podem se recuperar”, afirma. “As chuvas chegaram muito tarde, e quando chega, logo evapora por conta do calor muito forte”.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os preços subiram no interior e portos, porém, os negócios novos ainda são muito escassos. No interior, as praças de comercialzação marcaram ganhos de até 1,23% no disponível, como foi o caso de Cascavel, no Paraná, para R$ 164,00 por saca. Nos portos, os indicativos permanecem acima dos R$ 180,00.
Os produtores brasileiros seguem evitando as vendas, ajudam a puxar as cotações na CBOT e, de alguma forma, poderia estimular vendas por parte dos produtores norte-americanos, movimento que também será monitorado pelo mercado para direcionar os futuros da oleaginosa.
Assim, Brandalizze acredita na manutenção da disputa entre a indústria local – que já paga melhor do que a exportação – e as exportações. “Vamos continuar embarcando bem e temos muito potencial para esmagar bastante”, diz. “Este é um ano em que as cotações seguirão firmes e que os produtores terão muitas oportunidades boas para aproveitar”.
Fonte: Noticias Agrícolas