A comercialização antecipada da segunda safra 2021/22 chegou a 9% da produção estimada; produtores aproveitam preços, mas clima preocupa
Os preços do milho estão dando impulso nas vendas antecipadas do grão em Mato Grosso, inclusive para a segunda safra. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as vendas da safra 2021/22 chegaram a 9% da produção estimada, um ritmo nunca antes registrado.
Em relação à safra 2020/21, a comercialização chegou a 66,6% da produção prevista, percentual acima do observado na temporada passada. As negociações são impulsionadas pela valorização nos preços do milho no estado. Somente em dezembro, os valores registraram alta de 12% em relação ao mês anterior.
No entanto, a garantia de bons valores não é sinônimo de venda certa. Para o presidente do sindicato rural de Canarana, Alex Wish, o clima obriga o produtor a ter um pouco de cautela.
“A gente tem medo de não conseguir plantar, dependendo de como vai ser a previsão de chuvas, o plantio pode se estender até 10 de março, na janela de risco, pois acabou o mês de fevereiro já entra nessa janela. Geralmente o milho plantado em março é ruim, pois chega nessa época e já não tem chuva, o que pode resultar em 4 ou 5 sacas de milho a menos. Então nesse momento a gente tem que ter pé no chão, cautela”, diz Wish.
O presidente do sindicato, que também é produtor, negociou apenas 50% da segunda safra de milho que ainda vai ser cultivada em sua propriedade. Os contratos foram realizados parte no sistema de barter, troca por insumos, e uma outra porcentagem em pagamento safra, mas sem travamento de preços futuros.
Para o presidente da Aprosoja – MT, Fernando Cadore, o clima vai trazer impactos para a safra de milho no estado. “Se houver um excesso de chuva na colheita de soja, cada dia perdido vai aumentando esse volume de plantio fora da janela ideal. O produtor já tem o seu planejamento e esse grão deverá ser cultivado, mesmo com esse atraso provocado pelo clima”, comenta.
Por outro lado, Cadore não vê reflexos desse atraso na comercialização do grão. “O milho é um pouco diferente, porque geralmente os prazos e contratos são do mês de agosto. Mesmo com o atraso dessa janela de plantio eu acho que não vai se refletir nos atrasos de contratos”, projeta o presidente da Aprosoja-MT.
Fonte: Canal Rural