Na sessão de ontem, o trigo voltou a fechar no limite máximo de variação para um só dia na bolsa de Chicago.
Os papéis já abriram na máxima, o que fez com que as negociações ficassem paralisadas durante a maior parte do pregão. Os contratos para maio, os mais negociados atualmente, subiram 7,62% (75 centavos de dólar), a US$ 10,590 o bushel. Essa foi a primeira vez, desde 2008, que o papel de segunda posição encerrou acima de US$ 10 o bushel.
Como as cotações já haviam atingido seu teto diário – que é habitualmente de 50 centavos de dólar na sessão da véspera, ontem, os papéis voltaram a ser negociados com limite estendido de 75 cents, de acordo com as regras da bolsa. A guerra na Ucrânia permanece no centro das atenções dos investidores. Há relatos de aumento de ataques da Rússia a áreas civis do território ucraniano, com registros de bombardeios em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e na capital, Kiev, que causaram dezenas de mortes.
Como desdobramento do conflito, a paralisação nos portos do Mar Negro e do Mar de Azov prossegue. Os dois terminais são importantes rotas para o escoamento da produção de trigo de russos e ucranianos, que respondem por quase um terço dos embarques globais do cereal.
“Dificilmente algum navio estará disposto a viajar para a região da crise, e é certo que as companhias de seguros exigirão prêmios significativamente mais altos para cobrir isso”, disse o Commerzbank, em relatório.
A soja, em contrapartida, fechou o dia em queda, depois de ter atingido na sessão da véspera seu maior patamar desde setembro de 2012. O contrato com entrega para maio, o mais negociado atualmente, caiu 1,6% (27 centavos de dólar), a US$ 16,630 o bushel.
Embora o mercado de grãos esteja passando por uma onda de aumento de preços em virtude da guerra na Ucrânia, os efeitos do conflito são menos intensos para a oleaginosa, que já está em patamares elevados. Com isso, os investidores optaram pela realização de lucros, embora também existissem fundamentos para justificar novas altas dos papéis.
Para além do conflito no Leste Europeu, o mercado da soja começa suas apostas para o próximo relatório de oferta e demanda a ser divulgado na semana que vem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A aposta é que o órgão voltará a reduzir suas projeções para a safra da América do Sul, uma vez que a seca persistiu em fevereiro e afetou ainda mais a produção do Sul do Brasil, Argentina e Paraguai.
A consultoria StoneX cortou mais uma vez, agora para 121,2 milhões de toneladas, sua estimativa para a safra brasileira de soja, que era de 126,5 milhões de toneladas em fevereiro. O volume da nova projeção é 16,5% menor que o da estimativa inicial da consultoria, que previa colheita de 145,1 milhões de toneladas.
O milho, por fim, encerrou o dia em leve queda na bolsa de Chicago. De um lado, suas cotações foram pressionadas pela desvalorização da soja e por dados fracos sobre a produção de etanol nos EUA, onde o biocombustível é feito principalmente de milho, mas, de outro, elas encontraram sustentação nas altas do petróleo e do trigo. O contrato do milho para entrega em maio, o mais ativo, recuou 0,1% (0,75 centavo de dólar) nesta quarta-feira, a US$ 7,250 o bushel.
Fonte: Valor Econômico