A semana no mercado internacional da soja foi marcada por intensa volatilidade e ainda pelo foco maior sobre as condições de clima nos Estados Unidos. E depois de oscilações intensas nos últimos dias, os futuros da oleaginosa terminaram o dia em queda, com baixas agressivas de quase 30 pontos nos principais vencimentos. A pressão maior veio de uma aversão ao risco mais intensa diante de preocupações com algumas medidas anunciadas pela China sobre regulação na tecnologia e também com atenção sobre a inflação norte-americana.
Assim, as perdas foram de 19,50 a 29,75 pontos nas posições mais negociadas, com o agosto cotado a US$ 14,14 por bushel e o novembro, referência para a safra americana, com US$ 13,49.
“O dia é de aversão ao risco no mercado internacional. Os principais indicadores acionários globais têm forte queda e o dólar está em alta”, explica a equipe da Agrinvest Commodities.
De acordo com os analistas, volta a ganhar espaço no radar dos traders o anúncio feito pela China sobre medidas regulatórias restritivas para o setor de educação. “Nesta madrugada, a regulação veio sobre a tecnologia, trazendo forte aversão”, explicam.
Assim, o dólar subia – com os investidores buscando ativos mais seguros – e frente ao real a alta passou de 2% para levar a moeda americana de volta aos R$ 5,20.
E a opinião é compartilhada pelo diretor da Pátria Agronegócios, que acredita que esse reflexo do mercado financeiro é pontual e o foco central logo deve se voltar aos fundamentos – que até este momento são positivos -, trazendo o mercado ‘de volta aos trilhos’.
“As quedas de hoje são mais justificadas pelo mercado financeiro do que, propriamente dito, do que o mercado agrícola está observando neste momento (…) Esses movimentos podem durar um pouco mais, mas não é provável e logo ele deve voltar aos fundamentos”, explica Palavro.
Entre os fundamentos estão as condições de chuvas ainda mal distribuídas e temperaturas bastante elevadas. Os mapas do modelo americano – GFS – divulgados nesta sexta voltaram a apresentar um corte nas chuvas, o que não foi refletido no andamento das cotações nesta sessão na CBOT.
Os mapas abaixo mostram as previsões para o período de 5 a 9 de agosto e seguem sinalizando temperaturas (na figura 1) acima da média, principalmente nos estados mais a oeste dos EUA – como as Dakotas, Minnesota, partes de Iowa, Nebraska – e chuvas (figura 2) abaixo da normalidade para o período em todo o Corn Belt.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado nacional, a sexta-feira foi de leves correções nos preços da soja diante das baixas em Chicago, porém, a alta forte do dólar teve papel determinante no equilíbrio da formação das referências, limitando as baixas, que foram de menos de 1% na maior parte das principais praças de comercialização.
Além do câmbio, ainda como explica Palavro, o suporte para a soja disponível vem também deste enxugamento da oferta, com as exportações um pouco mais lentas agora, mas ainda agressivas e com bons volumes sendo embarcados, bem como uma demanda doméstica também melhor por parte das indústrias processadoras da oleaginosa.
Além disso, com os problemas sendo observados para a safra americana, os preços na Bolsa de Chicago ainda poderiam reservar alguns melhores momentos e também favorecer a formação das cotações no mercado brasileiro.
Safra 2021/22 – Para a safra 2021/22, a tendência, ainda como explica o diretor da Pátria, ainda é de preços firmes, com boa rentabilidade garantida aos produtores, porém, com “preocupações diferentes”. Segundo ele, os negócios estão atrasados e há boa parte dos sojicultores com seus custos ainda em aberto e que deverão sofrer com os preços mais altos dos insumos, principalmente, os fertilizantes.
De acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas, os fertilizantes foram os responsáveis pela maior parte da elevação dos custos de produção da safra 2021/22 em todos os estados produtores de soja do Brasil. E assim, quem ainda está fazendo as suas compras de insumos está encarando valores mais elevados e relações de troca bastante deterioradas.
Nesta sexta-feira, a soja disponível fechou com R$ 168,00 por saca no porto de Paranaguá, enquanto ficou em R$ 166,00 no terminal de Rio Grande e com R$ 175,00 no de Santos, para a referência de agosto. As altas foram de, respectivamente, 0,60% e 0,61% e estabilidade no porto paulista.
Para o produto da safra nova, R$ 159,00 em Paranaguá e R$ 158,00 por saca em Rio Grande, com os indicativos subindo entre 0,63% e 0,64%.
Fonte: Noticias Agrícolas