Caso essa expectativa se concretize, os produtores de São Paulo reverteriam a queda na produção registrada na safra de 2021, que foi afetada pelas geadas durante o desenvolvimento do trigo.
São Paulo tem possibilidade de fechar o ano de 2022 com uma safra recorde de trigo, com volumes na casa das 400 mil toneladas. Esse foi a expectativa apresentada na primeira reunião da Câmara Setorial do grão no Estado, realizada na semana passada, em formato híbrido, com a participação presencial na Cooperativa Agrícola de Capão Bonito (CACB) e acompanhamento virtual pelo canal do YouTube do Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo (Sindustrigo).
Segundo o reporte das quatro maiores cooperativas paulistas produtoras de grãos, espera-se que a safra de trigo de 2022 seja recorde, tendo em vista as estimativas apresentadas. “Este número será atingido se as condições climáticas deste ano forem favoráveis para o cultivo, o que levaria a um aumento da produtividade nos campos paulistas, tendo em vista que a área plantada será similar à do ano passado”, explica o presidente da Câmara Setorial de Trigo Victor Oliveira.
Caso essa expectativa se concretize, os produtores de São Paulo reverteriam a queda na produção registrada na safra de 2021, que foi afetada pelas geadas durante o desenvolvimento do trigo. “O fator climático e o aumento nos custos envolvidos na produção foram elementos que limitaram a cultura do trigo na última safra a 255 mil toneladas”, de acordo com Oliveira.
Em contrapartida, um dos fatores que estimulou os produtores paulistas em meio aos desafios de 2021 foi o preço do trigo, o que contribuiu para a rentabilidade dos negócios.
O conflito entre Rússia e Ucrânia e as consequências para o mercado de trigo também fizeram parte da pauta da reunião. O trader da Cofco International Daniel Lima definiu como desafiador o panorama para os próximos meses. “Toda essa situação do conflito tem pressionado a oferta, o que afetará a precificação do trigo em players como a Argentina, que tende a crescer como exportador no mercado internacional. Como os preços no Brasil, de certa forma, refletem o que acontece na Argentina, também sentiremos uma diferença nos valores do trigo”.
Câmara Setorial elege novo presidente
O ciclo de Victor Oliveira como presidente da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo chegou ao fim e, durante a reunião, o diretor industrial do Grupo Ocrim Ruy Zanardi foi anunciado como o sucessor ao cargo. “A Câmara Setorial é extremamente importante para que a cadeia seja virtuosa. A clareza, a transparência e o respeito são fundamentais para debater questões de um setor tão plural. Uma cadeia só é forte com elos fortes”, destaca Zanardi.
“Foram dois anos desafiadores, mas de muito aprendizado com o apoio das cooperativas, dos moinhos e dos produtores. É muito gratificante ter participado dessa gestão e desejo boa sorte ao novo presidente e ao setor nos próximos anos”, pontua Oliveira.
Guia de Qualidade da Farinha
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo Abitrigo e a Biotrigo Genética também participaram da reunião da Câmara Setorial, apresentando o Guia de Qualidade da Farinha, publicação lançada em março com o objetivo de informar os produtores e cerealistas sobre os processos realizados na farinha de trigo pela indústria moageira.
“Em contato com a Abitrigo, que trouxe o apoio dos moinhos, elaboramos um material didático aos produtores e às pessoas que trabalham com o recebimento de grãos, levando conhecimento e o sentimento de pertencimento a estes agentes da cadeia do trigo”, afirma a gerente de desenvolvimento de produto para indústria da Biotrigo Kênia Meneguzzi.
“Nossa intenção é sempre aproximar todos os elos da cadeia. Além disso, o que pode tornar o trigo cada vez mais atrativo, independente do momento, é a qualificação do cereal. À medida que o agricultor conhece mais sobre o seu produto, a cadeia como um todo consegue agregar valor até o produto final”, finaliza o superintendente da Abitrigo Eduardo Assêncio.
Fonte: Assessoria