Ideia é replicar a certificação de soja no milho que, habitualmente, entra na rotação de cultivo
A RTRS, Round Table on Responsible Soy Association, organização que faz a certificação da soja sustentável no país, anuncia o lançamento do Padrão RTRS para a Produção de Milho Responsável. Atualmente são 12 propriedades certificadas, somando 1.559,058 milhão de hectares e produção de 3.250,614 milhões de toneladas de soja no Brasil.
A ideia de incluir o milho veio pelo fato de, habitualmente, a cultura ser incluída na rotação de cultivo do grão. Muitos dos requisitos estabelecidos no padrão de soja são aplicáveis ao milho, por isso a integração de um sistema de certificação soja/milho é possível com a adição de requisitos trabalhados com um grupo multi-stakeholder. Desta forma, o Padrão RTRS para a Produção de Milho Responsável chega como adicional para o padrão de soja existente e não de forma independente.
A novidade estará disponível a todos os produtores certificados RTRS para soja que queiram incluir sua produção de milho, conforme este novo padrão. Para isso, o produtor deverá cumprir com 14 critérios adicionais aos mais de 100 requisitos estabelecidos pelo Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável. “O produtor poderá capitalizar suas conquistas de sustentabilidade e expandir sua oferta de culturas produzidas de maneira responsável, e para as empresas compradoras de milho para alimentação animal e humana, será oferecida uma nova cadeia produtiva rastreável”, destaca Cid Sanches, Consultor Externo da RTRS no Brasil.
O milho é o cereal de maior importância em termos de produção global e o segundo mais relevante quanto à dimensão da área semeada. A produção mundial de milho tem aumentado 40% em dez anos: de 820 milhões de toneladas em 2009 para mais de 1,1 bilhão de toneladas em 2019, segundo o relatório Fatores de Conversão de Milho, realizado pela RTRS em parceria com a Universidade Austral e 3keel, consultoria de sustentabilidade com sede em Oxford. Seu principal destino é a alimentação animal, mas também a espiga pode ser consumida ou destinada para a indústria da moagem úmida ou seca. Para o mercado, incorporar o milho produzido de forma sustentável representa novas oportunidades de transformação das cadeias de suprimento de maneira sustentável e mais abrangente. Portanto, o padrão de certificação de milho amplia o valor e benefícios à certificação RTRS e à mesa-redonda global multissetorial.
Além desta novidade, a RTRS anuncia mudanças no Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável. O protocolo de certificação global que visa promover a produção de soja sustentável no mundo é alicerçado em cinco princípios: cumprimento legal e boas práticas comerciais, condições de trabalho responsável, bom relacionamento com as comunidades, responsabilidade ambiental e boas práticas agrícolas.
Após dois anos de um sólido processo de revisão dos cinco princípios das normas do Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável, iniciado em 2019, a organização incluiu requisitos baseados nas diretrizes de melhores práticas internas e internacionalmente reconhecidas, que cumprem com o Código de Boas Práticas da ISEAL – associação global, presente em cem países, que apoia sistemas de sustentabilidade. A RTRS é membro da Comunidade ISEAL desde 2020.
A nova versão, agora Padrão de Produção de Soja Responsável V4.0, começa a vigorar a partir de Dezembro para novas certificações e os produtores que já possuem o selo RTRS terão prazo de um ano para implantação. “A versão V4.0 do Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável traz atualizações para melhoria e atendimento das boas práticas agrícolas como a rotação de cultivos, plantio direto e questões de aspectos social como respeito aos direitos dos povos indígenas, e ambiental no que tange a não conversão e desmatamento, além de demais questões que serão requisitadas aos produtores que pretendem estender a certificação RTRS para o milho cultivado em sua propriedade”, complementa Cid Sanches.
Implementos do Padrão de Produção de Soja Responsável V4.0:
A nova versão potencializa o alinhamento da RTRS às principais expectativas e definições da Accountability Framework Initiative (AFi) e passa a adotar indicadores de conformidade com o Guia, especialmente no que diz respeito a desmatamento, não conversão de terras naturais e direitos humanos, em particular quanto às comunidades indígenas.
Inclui os critérios, definições e formulações para alinhar a terminologia às Diretrizes de Suprimento 2021 da FEFAC (Federação Europeia de Produtores de Feed). Desta forma, o Padrão da RTRS para a Produção de Soja Responsável V4.0 passa a complementar as recomendações dirigidas aos operadores de alimentos balanceados e parceiros da cadeia que querem obter sua soja de acordo com os requisitos da indústria europeia de alimentos balanceados, válido para a produção responsável de soja dentro e fora da Europa.
Aproxima as adequações do padrão para uma terminologia de igualdade de gênero, incluindo os artigos o/a para referir-se ao produtor/agricultor e modifica os requisitos que abordam questões de gênero, agora, um pouco mais alinhados ao Sustainable Development Goals (SDGs).
Inclusão da “Data Collection Sheet” que permitirá coletar informações de impacto de acordo com o projeto de pegada ambiental da ISEAL e RTRS.
Fonte: Agrolink