Especialistas detalham condições de chuva e temperatura em todo o Brasil
Dezembro, que inicia neste domingo (1/12), marca também a chegada de uma das estações mais esperadas pelos brasileiros: o verão. O mês é representado pela combinação de calor e chuva com características tropicais em grande parte do país. Neste caso, a precipitação cai como pancadas intercaladas por períodos de sol, permitindo que as temperaturas fiquem elevadas à tarde.
A condição observada nos últimos anos e que define dezembro como um dos meses mais úmidos e chuvosos irá se repetir em 2024, afirma Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista na Nottus.
“A chuva já se estabeleceu durante as últimas semanas nas principais áreas produtoras, e a tendência é de um verão úmido, como é o natural dessa nova estação”, diz.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica chuva entre a média climatológica e acima da média, principalmente, em Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Piauí e na região Norte. Uma parte do Sul deve registrar volumes abaixo da média e, a outra, em áreas de Santa Catarina e Paraná, podem ficar dentro da normalidade ou acima da média.
Quando chega o La Niña?
As projeções da Organização Meteorológica Mundial (WMO na sigla em inglês) e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA na sigla em inglês) indicavam a formação do La Niña durante o inverno, mas a região central do Pacífico se encontra em condição de neutralidade desde o mês de junho, quando foi decretado o fim do El Niño.
E mesmo com o atraso do fenômeno caracterizado pela queda de mais de 0,5°C na temperatura do oceano, a previsão para dezembro não deve mudar.
“Independentemente de ter ou não o La Niña, os modelos apontam chuva acima da média nos próximos meses e risco de ‘invernadas’ entre a segunda metade de dezembro, janeiro e fevereiro, mas com o risco maior para janeiro”, diz Desirée.
Para a agricultura, a invernada representa o período prolongado de chuva persistente, volumosa e abrangente. A condição pode aumentar o aparecimento de doenças relacionadas ao excesso de umidade e à pouca luminosidade.
O meteorologista Willians Bini reforça que, mesmo com a formação do La Niña ainda neste ano, os impactos no Brasil não seriam sentidos imediatamente.
“Embora os modelos coloquem uma probabilidade, eu diria que seria difícil termos alguma influência em dezembro. É uma situação que demora. Por enquanto, mesmo que comece logo, a influência do La Niña poderemos ter só em 2025. O ano de 2024 estaria dentro de uma normalidade climática”, resume.
Dezembro terá onda de calor?
No decorrer das semanas, a chuva poderá ser mais pontual em alguns momentos, o que permite maiores períodos de sol e, como consequência, temperaturas elevadas. No entanto, a previsão do tempo não indica nada extremo e duradouro.
Quando começa o verão?
A nova estação inicia às 6h20 (de Brasília) do dia 21 de dezembro e permanece ativa no Hemisfério Sul até 20 de março de 2025, às 6h02 (de Brasília). Apesar de dezembro começar na primavera, a proximidade do verão vai interferindo aos poucos nos números dos termômetros.
Confira a previsão do tempo por região:
Sul
No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, as projeções indicam anomalias negativas, ou seja, um pouco menos de chuva, apesar de o La Niña não ter se formado ainda, afirma Bini. Segundo o especialista, a situação não é preocupante para o setor agrícola porque volumes já foram registrados nas últimas semanas, equilibrando o balanço do mês.
“Mesmo se tiver um déficit em dezembro, não vamos esperar grandes impactos. O problema é se essas anomalias persistirem no começo de 2025, o que poderia trazer prejuízos na produtividade do Sul”.
Sudeste e Centro-Oeste
Próximas no mapa do Brasil, as regiões apresentam semelhanças quando o assunto é a previsão do tempo em dezembro, com o clima dentro da normalidade e chuvas regulares que vão favorecer o desenvolvimento de cultivos na safra.
“Podemos ter chuva acima da média em algumas áreas, especialmente no interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo estão dentro da média. Nada que prejudique a agricultura”.
Norte
Após um período longo de estiagem, os Estados da região estão se recuperando e vão se beneficiar pelo retorno do período chuvoso, o que é positivo para a semeadura e o cultivo nas lavouras. Em dezembro, a precipitação fica dentro da média ou acima da média, dependendo do local.
Nordeste
Diferentemente da região Norte, a previsão do tempo não indica que as chuvas se normalizem no Nordeste. O cenário deve melhorar apenas a partir de 2025 por causa do La Niña. “Sabemos que tem muita agricultura por irrigação na área, mas dezembro seguirá com volumes irregulares e abaixo da média sobre o Matopiba”, finaliza Bini.
Segundo o Inmet, áreas da Bahia, Maranhão e Piauí devem registrar volumes inferiores a 200 milímetros no período.
O que esperar das temperaturas?
Com a chegada do verão, que inicia no dia 21, o mês de dezembro será quente no Brasil, diz o Inmet. No Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, as temperaturas ficam acima da média, com a possibilidade de períodos curtos de calor em excesso.
O cenário não se repete em áreas pontuais do Amazonas, Amapá, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nestes locais, a chuva vai amenizar a temperatura.
O que aconteceu em 2023?
O último mês do ano passado foi marcado por episódios de chuva que resultaram em alagamentos e deslizamentos em diversos Estados, com destaque para o Pará, Mato Grosso, Piauí e Rio Grande do Sul. Além dos prejuízos em infraestrutura, a situação impactou a agricultura.
Por outro lado, áreas no Norte, Centro-Oeste e Sudeste tiveram volumes de chuva abaixo da média em razão do El Niño.
Em relação à temperatura, dezembro registrou calor extremo em grande parte do Brasil, com a ocorrência de ondas de calor. Na mais intensa, entre os dias 14 e 18, Cuiabá, Três Lagoas (MS) e Porto Estrela (MT), por exemplo, alcançaram máximas de 42,2ºC, 41,9ºC e 41,2ºC, respectivamente.
Fonte: Globo Rural