Consultorias destacam o avanço da defasagem na cotação nas praças regionais em relação ao mercado de SP; em alguns casos, essa diferença chega a R$ 60/@
Nesta quarta-feira, 9 de março, os preços do boi gordo voltaram a subir em algumas praças importantes do Brasil, a começar por São Paulo, referencial para outras regiões pecuárias brasileiras.
Segundo apuração da Scot Consultoria, após registrar elevação de R$ 2/@ na terça-feira, o valor do boi gordo nas praças de São Paulo repetiu a exatamente a mesma toada, com acréscimo diário de mais R$ 2/@ nesta quarta-feira.
Com isso, o animal macho terminado e destinado ao mercado interno vale R$ 342/@ nas regiões paulistas (valor bruto e a prazo).
Por sua vez, as cotações das fêmeas prontas para abate seguem estáveis em São Paulo, negociadas em R$ 300/@ e R$ 332/@ (também preços brutos e a prazo), de acordo com a Scot.
Para os machos com padrão exportação (abatidos mais jovens, geralmente com idade abaixo de 30 meses), os negócios estão firmes em até R$ 355/@.
A oferta enxuta de animais gordos e o avanço nas exportações de carne bovina, sobretudo para o mercado chinês, explicam o viés de alta na arroba do boi gordo.
A consultoria IHS Markit detectou oscilações positivas na arroba do boi gordo negociado no Norte do País, sobretudo nas praças do Pará e de Tocantins (veja abaixo os preços atuais dos machos e fêmeas terminados nas principais praças brasileiras).
Na avaliação da IHS, as fazendas da região Norte são favorecidas pelo bons volumes de chuvas, o que ajuda a manter as pastagens em boa qualidade, resultando no uso de estratégias de retenção dos animais gordos no campo, à espera de ofertas de preços ainda melhores.
Um outro fator que faz o pecuarista do Norte segurar a oferta de boiada gorda é o forte alargamento no diferencial base entre São Paulo e as praças da região – hoje ao redor de R$ 60/@ em alguns casos.
Diferencial de base é a defasagem da cotação da arroba do boi gordo de uma praça pecuária em relação ao mercado de São Paulo.
“Os fatores que provocam essa diferença nos preços regionais (em relação às cotações de SP) podem ser creditados à oferta, ao clima, ao consumo (de carne bovina), a impostos e ao frete”, relata a analista Amanda Skokoff, da Scot Consultoria.
Como a precificação dos contratos no mercado futuro B3 tem como referência a praça de São Paulo, os pecuaristas de outras regiões pecuárias têm de considerar esse diferencial, acrescenta a analista.
“Na prática, o diferencial de base auxilia na gestão de risco da propriedade diante da volatilidade e sazonalidade do mercado”, acrescenta Amanda.
Segundo levantamento da Scot, em algumas regiões do Norte do País, atualmente, o diferencial de base em relação aos preços da arroba do boi gordo em São Paulo giram em torno de quase -15%.
A analista da Scot recomenda aos pecuaristas a busca de algum tipo de proteção de preço (contratos futuros, a termo, entre outros) para sair do risco das oscilações do mercado, obtendo um seguro de preço para a atividade.
“Sempre haverá altas e baixas no mercado e acreditar que o ápice de preços dure para sempre não é uma boa medida de gestão”, alerta Amanda.
No último boletim semanal publicado pela Scot, o zootecnista Douglas Coelho, consultor e sócio da Radar Investimento, fez as mesmas recomendações sugeridas pela analista Amanda.
“Quem procura proteção de preços para o fim da safra deve ter boas oportunidades de negócios; é bom ficar atento e agir quando a oportunidade aparecer”, disse Coelho.
Nesta quarta-feira, a IHS Markit também observou elevações nos preços da arroba nas praças de Marabá e Redenção (ambas no Pará) nesta quarta-feira, com o valor do boi gordo subindo de R$ 282/@ para R$ 285/@.
Em Paragominas, também no PA, a valorização diária foi de R$ 4/@, saindo de R$ 289/@ para 293/@.
Na praça de Araguaína, no Tocantins, o macho terminado subiu R$ 10/@ na comparação diária, de R$ 285/@ para 295/@, segundo a IHS.
Em Gurupi, também no TO, o boi gordo teve elevação de 4/@, de R$ 286/@ para R$ 290/@.
Segundo a IHS Markit, os custos da pecuária brasileira seguem em “uma escala vertiginosa, e os produtores já indicam que o primeiro giro de confinamento já está comprometido”.
Além disso, acrescenta a consultoria, também há grandes incertezas em relação ao desempenho do segundo giro de engorda no cocho, realizado no segundo semestre do ano.
De acordo com a IHS, as indústrias exportadoras da região Norte dizem que há grandes incertezas em relação aos embarques de carne bovina nos meses vindouros, já que boa parte das plantas locais exporta para o mercado da Rússia.
“Diante das sanções impostas sobre o país liderado por Wladimir Putin, as operações de embarques para a Rússia seguem paralisadas e sem previsão de retomada”, dizem os analistas da IHS.
No mercado atacado, as expectativas são positivas para uma retomada mais pujante do consumo doméstico de carne bovina, relata a consultoria.
“A indústria, distribuidores e varejistas se posicionam neste período do mês, elevando os volumes de aquisições para incrementos nos estoques, ao passo em que a massa salarial chega aos consumidores neste quinto dia útil do mês”, observa a IHS.
Cotações máximas desta quarta-feira, 9 de março, segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 348/@ (prazo)
vaca a R$ 305/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 315/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 317/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 315/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 307/@ (à vista)
vaca a R$ 295/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 305/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca R$ 295/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 315/@ (prazo)
vaca a R$ 305/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 325/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 295/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 324/@ (à vista)
vaca a R$ 309/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 324/@ (à vista)
vaca a R$ 309/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 285/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 285/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 293/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 280/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 294/@ (à vista)
vaca a R$ 280/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 293/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 283/@ (à vista)
vaca a R$ 264/@ (à vista)
Fonte: Portal DBO