O preço pago ao produtor de leite em janeiro recuou 0,6%, para R$ 2,1093 o litro, na média Brasil mensurada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).
O valor é 5,6% menor se comparado ao do mesmo período do ano passado e, além disso, é também a cotação mais baixa desde março de 2021, informam hoje os pesquisadores. Os dados foram deflacionados pelo IPCA de dezembro passado.
O recuo de preços é típico nesta época do ano, já que tradicionalmente o volume de oferta de leite é maior. Porém, a forte queda de preços desde setembro não está atrelada a um excedente de oferta sazonal, mas à fragilidade da demanda por lácteos e à perda do poder de compra do brasileiro, dizem os economistas em nota.
“Agentes consultados pelo Cepea relatam que, mesmo com o preço mais baixo da matéria-prima nos últimos meses, ainda é complicado para os laticínios realizarem o repasse dos custos de produção dos lácteos para o consumidor”, continuam os pesquisadores no documento.
Com dificuldade em assegurar uma boa liquidez, houve aumento de estoques de produtos lácteos no país entre dezembro e janeiro, e os patamares de preços junto aos canais de distribuição foram reduzidos.
Clima
Segundo os pesquisadores, as irregularidades nas chuvas e as ondas de calor têm impactado a qualidade da alimentação animal, ao mesmo tempo em que os preços dos insumos continuam corroendo a margem do produtor de leite.
Em dezembro, o poder de compra do pecuarista frente ao milho diminuiu. Foram necessários 41,50 litros de leite para adquirir uma saca de 60 quilos do cereal, em comparação aos 38,52 litros que eram considerados para a relação de troca no mês anterior.
Os preços dos principais insumos da atividade na fazenda foram afetados pelo movimento de alta global das commodities principalmente do petróleo, que encareceu a produção, o transporte e a distribuição dos produtos.
Soma-se a esse contexto a desvalorização do real, o que encarece ainda mais a importação das matérias-primas para suplementos minerais, adubos, agroquímicos e medicamentos.
Fonte: Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint