Trabalhos voltados em conter as mudanças climáticas e estudos na área de bioinsumos são prioridades para o próximo ano, diz presidente da Embrapa
Investindo em pesquisas de bioinsumos e em tecnologias para a redução de emissão de carbono e metano na agropecuária, a Embrapa viu 2021 como um ano positivo para o setor. A instituição também integrou a comitiva brasileira na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP26), ocorrida em Glasgow, na Escócia, e acredita que o tema das mudanças climáticas estará na pauta permanente da agricultura mundial nos próximos anos.
A perspectiva da Embrapa sobre a participação do país na COP26 era de reposicionar a visão mundial em relação à agropecuária brasileira. O maior evento do clima aconteceu em um ano marcado por desafios ainda em decorrência da pandemia de coronavírus.
“O ano de 2021 foi realmente muito intenso, o agro não parou, a Embrapa não parou. Nós fizemos uma série de lançamentos marcados pelo nosso aniversário de 48 anos no mês de abril e tivemos uma participação bastante intensa na COP26, levando um BR que produz e preserva, mostrando para o mundo que é possível produzir e preservar com baixa emissão de carbono”, destaca o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
Durante a COP26, o brasil assumiu, junto a mais de 100 países, compromissos considerados ousados por boa parte do setor.
“O fim do desmatamento ilegal até 2030, e o acordo do metano, que é uma ambição global de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 com base nas emissões de 2020. É importante esclarecer que não é que o Brasil vai ter que reduzir 30% da sua emissão de metano, mas o país faz parte desse conjunto de 103 países que assinaram o acordo do metano e vamos participar dessa meta de redução. Nós temos um conjunto de tecnologia para apoiar esse trabalho da pecuária”, enfatiza Moretti.
A Embrapa vem desenvolvendo tecnologias para o campo para contribuir com as metas globais. Uma delas, envolve diretamente as pastagens.
“Mais uma vez, a agropecuária movida pela ciência se antecipando a movimentos que vão ocorrer no mundo. Primeiro, ter pastagens forrageiras mais digeríveis pelos animais, se ela é mais facilmente digerível, você tem uma menor produção de metano por esses animais. Então esse é o primeiro pilar, melhoramento genético e vegetal”.
Outro ponto em destaque é o melhoramento genético dos animais com abate antecipado de 48 para 36 meses, o que reduz em 25% a emissão de metano na pecuária pela diminuição de tempo do animal no pasto. Além disso, a empresa investe no desenvolvimento de pesquisa para o uso de aditivos na ração bovina.
“Nós estamos trabalhando com a variação do uso de tanino na alimentação dos animais. Estamos também avaliando óleos essenciais e, em parceria com o setor privado, alguns aditivos que também vão contribuir para a redução de metano. Em uma parceria com a universidade da Califórnia, estamos experimentando o uso de aditivo que é uma alga marinha que, em alguns casos, pode reduzir mais de 50% a emissão de metano e nós já começamos esses estudos”, aponta o presidente da Embrapa.
O investimento em pesquisas que auxiliem o agro na preservação ambiental continuará no foco da instituição para 2022.
“Nós temos duas grandes apostas: trabalhos voltados a adaptação e mitigação e de mudanças climáticas e na área de bioinsumos, biofertilizantes e biopesticidas”, finaliza Celso Moretti.
Fonte: Canal Rural