Caso haja perda em lavouras, o impacto certamente chegará aos consumidores, dizem especialistas
A nova onda de frio vai ser de sentir no bolso também. Isso porque o frio intenso previsto para a semana ameaça as plantações. É que a temperatura em queda livre, acompanhada de geada, pode causar estragos no campo e, assim, tende a pressionar preços de produtos cultivados em parte do Sul e do Sudeste do Brasil.
Café, hortaliças e frutas integram a lista de mercadorias que podem ficar mais caras, caso haja prejuízos nas plantações.
Conforme a previsão, a bolha de ar gelado será responsável por “acentuado resfriamento em diversos estados”. No Centro-Oeste, a frente fria começou a ser sentida nesta quarta-feira (28).
“O fenômeno aumenta exponencialmente o desafio dos produtores rurais em manter o nível de produtividade e o planejamento de negociação dos alimentos. Culturas como café, milho, cana-de-açúcar, trigo, banana e mandioca podem ser as mais prejudicadas”, aponta nota da Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo).
No Centro-Oeste, a Aprosoja de Mato Grosso do Sul diz que as previsões de nova onda de frio não preocupam produtores da região, porque lavouras de milho já foram impactadas com geadas entre os dias 28 de junho e 1º de julho.
Preço para o consumidor
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o pesquisador Felippe Serigati, do centro de estudos FGV Agro, ressalta que as temperaturas em queda trazem preocupação para o campo. Caso haja perda em lavouras, o impacto certamente chegará aos consumidores, diz o especialista.
“Esse efeito nos preços não chega às prateleiras dos supermercados imediatamente, mas chega. O impacto tende a ser mais rápido naqueles produtos de ciclo mais curto, como hortifrúti”, afirma o pesquisador.
Serigati lembra que plantações de café já foram prejudicadas por geadas neste mês em Minas Gerais. Em meio aos prejuízos, as cotações do produto passaram a subir no mercado internacional. O Brasil é o maior produtor mundial de café.
O cultivo de hortaliças também pode ser abalado pelas temperaturas em queda. “[A situação] pode impactar os preços, inclusive no curto prazo. Alface e repolho, por exemplo, podem ser queimados pela geada. Isso diminuiria a oferta por uns 15, 20 dias”, ressalta o coordenador de fruticultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Sergio Neres da Veiga.
Fonte: Livre