Nesta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados de abates de bovinos, suínos e aves.
Com a pandemia, algumas paralisações pontuais e um movimento claro de retenção de animais no rebanho, os abates de bovinos sob inspeção federal (SIF) do Brasil no 2T20 foram tão enxutos quanto os do 1T20.
Entre abril e junho foram abatidas 7,3 milhões de cabeças de bovinos, queda de 8,0% em relação ao 2T19. Lembrando que no 1T20, o recuo dos abates havia sido de 8,8% YoY.
Para suínos, houve aumento dos abates de 6,2% YoY no período, enquanto aves ficou praticamente estável ou ligeiramente menor em 1,0% vs 2T19.
Vale a pena ressaltar que o volume abatido de bovinos no segundo trimestre deste ano foi o menor para o período desde 2011. Isto reforça a visão de oferta enxuta estrutural que já foi tema desta coluna anteriormente.
O link pode ser feito com o maior estado pecuário do Brasil, Mato Grosso (com 16% da participação dos abates nacionais). Nos últimos dias, o INDEA-MT também divulgou os dados do rebanho do estado em mai/20 com 30,98 milhões de cabeças e crescimento de 2,13% em relação a mai/19. Este aumento do plantel foi capitaneado pela retenção de fêmeas, principalmente o de vacas acima de 36 meses, que subiu 6,18% ano contra ano. Ou seja, o pecuarista ainda “coloca mais algumas esteiras” na fábrica de bezerro.
Saindo do fundamento macro e olhando mais para o dia-a-dia do mercado físico, a arroba em São Paulo tem atingido as máximas históricas, com negócios ao redor de R$250,00/@, à vista.
A transferência de renda pós-pandemia é uma injeção no consumo interno justamente em um ano em que a construção da oferta de confinamento não foi estimulada para meados-final do segundo semestre.
A questão que fica à tona é… Com a disponibilidade de bois de pasto, o abate na primeira metade do ano já foi 8,0-8,88% menor em relação a 2019, será que com o milho/soja e a reposição nos atuais patamares, os abates do segundo semestre serão tão enxutos quanto ou até menores?
Sinceramente é difícil de responder, talvez pelo lado da demanda a resposta seja mais natural. O auxílio até o final do ano e o déficit de proteínas na China continuarão oxigenando a vazão da nossa produção de carne bovina.
Fonte: Radar Investimentos