Novo CRA pode ser usado para renegociar dívidas de produtores, além de obter crédito mais barato

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A Cotrijal foi escolhida para ser a cooperativa piloto para a operação. O CRA (Crédito de Recebíveis do Agronegócio) é garantido pelo BNDES e tem potencial para disponibilizar R$ 100 bilhões em 10 anos aos produtores, diz Antonio da Luz, economista-chefe da Farsul

A ministra da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, lançou na 5a.feira um novo sistema que permite aos produtores rurais ampliar o acesso ao crédito fora do sistema oficial (Plano Safra). O modelo consiste em um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com garantia do BNDES e é resultado de um ano de tratativas entre a Farsul, Mapa e o banco de fomento. Como piloto, foi escolhida a Cotrijal – com o Grupo Ecoagro como securitizadora.

Esse tipo de operação é um mecanismo que pode ser utilizado para renegociações de dívidas fora do sistema bancário ou concessão de novos créditos. Diferente do Crédito Rural controlado, o formato não está relacionado aos aportes oficiais da política pública. Além disso, ele pode ser utilizado tanto para crédito de custeio como de investimento.

A estrutura da operação consiste na emissão de Cédula de Produto Rural (CPR) pelos produtores para a originadora. Os papéis são transformados em CRA por uma securitizadora, e são negociados no mercado financeiro. Os investidores terão a garantia do BNDES, o que reduz os riscos da operação e, consequentemente, os juros para os produtores.

A escolha da Cotrijal como piloto está no fato de ser a maior cooperativa do Rio Grande do Sul, e ter buscado solução para as dívidas fora do sistema bancário após a grave seca de 2020. A  demanda dos produtores estimulou a adoção de operações estruturadas de crédito. O valor da operação é de R$ 29 milhões com juros de 3,15% e prazo de dois anos. O Banco Alfa será o coordenador líder, garantindo a comercialização dos títulos.

A consolidação do projeto é vista pela Cotrijal como importante avanço na garantia de crédito para o campo, a custos compatíveis com a necessidade do produtor. Viabilizar a produção, com segurança, é estratégico para a Cotrijal. Estamos otimistas com a possibilidade de acessar crédito privado e honrados por sermos pioneiros nessa iniciativa-piloto”, afirma o presidente da Cotrijal, Nei César Manica. A cooperativa tem 7,9 mil associados e está presente em 32 municípios gaúchos. Em 2020, faturou R$ 2,4 bilhões. 

Conforme dados da consultoria Uqbar, os CRAs já movimentaram R$ 15,81 bilhões em 2020. Uma alta de 28% na comparação com 2019. No total, foram 65 operações envolvendo 113 títulos. Com a entrada da garantia do BNDES, esses valores devem saltar nos próximos anos garantindo um novo cenário para o agronegócio brasileiro.

PENSANDO FORA DA CAIXINHA

Procurada pela Farsul com a proposta da operação, a ministra Tereza Cristina trouxe o BNDES para o processo.  “Agradeço ao presidente Montezano (Gustavo Montezano, presidente do BNDES) por ter colocado toda sua equipe a pensar fora da caixinha.

Durante a apresentação, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, comentou sobre a operação.

“O que a gente está celebrando é mais do que uma operação rotineira, é uma inovação. Ela marca a entrada num mercado promissor. Estamos desconcentrando o crédito nacional”, afirmou, ao lembrar que a operação é piloto e ainda será aperfeiçoada para permitir sua ampliação.

A Farsul vem trabalhando na ampliação das operações estruturadas de crédito. O objetivo da Federação é que mais cooperativas, revendedoras de insumos, cerealistas e tradings utilizem a ferramenta.

“Uma das bandeiras da Farsul é o do livre mercado. Queremos que esse tipo de operação seja cada vez mais frequentes e com mais atores. Isso significará maior concorrência, resultando em condições cada vez melhores aos produtores rurais para que possam continuar investindo no setor sem as limitações dos recursos oficiais”, afirma o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.

A securitização será do Grupo Ecoagro. O sócio executivo Moacir Teixeira vê o CRA como instrumento de crédito do mercado de capitais que vem se consolidando como uma fonte importante de financiamento para suprir as necessidades de recursos na demanda crescente de capital para a agropecuária brasileira.

“A principal característica é a democratização do crédito, transformando ativos individuais de pequenos e médios produtores em estruturas mais robustas que acessam com maior transparência e credibilidade os investidores. A iniciativa da operação com a participação do BNDES beneficia diretamente o micro e o pequeno produtor, através das suas cooperativas e da própria cadeia de insumos. Sem dúvida é o primeiro passo para potencializar o financiamento agrícola de forma pulverizada, organizada, atingindo toda a cadeia do agro e permitindo principalmente o investidor pessoa física brasileiro a participar deste crescimento”, avalia Teixeira.

O Banco Alfa ressalta ter histórico como agente financeiro do BNDES desde sua origem, coordenando operações pioneiras para o agronegócio, como a primeira emissão de CRA Green Bond para o setor sucroalcooleiro “O sucesso desta operação inédita com o BNDES, Ecoagro, Farsul e a Cotrijal, servirá como referência para futuras operações do Alfa em conjunto com o BNDES para fomentar ainda mais o setor do agronegócio brasileiro”, afirma Augusto Martins, diretor executivo de Corporate & Investment Banking do Banco Alfa.

O objetivo é elevar a oferta de crédito privado aos produtores rurais, explica o diretor de Crédito e Garantia do BNDES, Petrônio Cançado. “A modelagem foi concebida para estimular o financiamento privado ao setor agropecuário em um contexto de alta aversão ao risco e procurando diminuir a dependência de recursos públicos pelo setor”.  

(Fonte: Assessorias de Imprensa da Farsul e da Cotrijal).

Nova modalidade de Crédito de Recebíveis do Agronegócio conta com garantia do BNDES

Objetivo é gerar concorrência no mercado, reduzindo os riscos da operação e, consequentemente, as taxas de juros aos produtores

O Crédito de Recebíveis do Agronegócio (CRA) garantido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi lançado nesta quinta-feira (08). No CRA Garantido, como está sendo chamada a operação, o BNDES entra como garantidor da operação, o que gera concorrência no mercado, reduzindo os riscos da operação e, consequentemente, as taxas de juros aos produtores. 

A finalidade é aumentar as fontes de crédito para os produtores rurais, inclusive para renegociação de dívidas. O projeto piloto desta nova modalidade está sendo realizado pela Cotrijal Cooperativa Agropecuária e Industrial, que reúne 7,7 mil produtores cooperados de 32 municípios do norte do Rio Grande do Sul. 

“O CRA Garantido é o somatório de esforços que fez nascer essa ferramenta tão importante e inédita para o nosso agronegócio. Que ele sirva de exemplo para outras cooperativas e para que outros bancos e seguradoras também possam entrar. Precisamos de muita gente, o agro cresceu muito. Temos poucos recursos oficiais, que têm que ser dirigidos para os pequenos e médios produtores”, disse a  Ministra Tereza Cistina, na live de lançamento da nova modalidade. 

“Esta é a primeira operação em que o BNDES atua como garantidor. Esse instrumento de garantia, ainda pouco explorado no Brasil, vai nos permitir apoiar pequenos e médios empreendedores, não só no setor da agropecuária, mas nas mais diversas indústrias Brasil afora”, disse o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ressaltando que o instrumento também democratiza o crédito no Brasil. 

O secretário adjunto de Política Agrícola do Mapa, José Ângelo Mazzillo Júnior, explica que esse mecanismo “concretiza um caminho mais efetivo de como o Estado deve estimular o mercado de crédito para o agronegócio brasileiro: como garantidor de instrumentos de crédito, mitigando riscos para o investidor e permitindo maior acesso pelos produtores rurais a um crédito menos oneroso”. 

“Esse mecanismo é disruptivo, pois os produtores passam a ter uma alternativa de crédito privado, criando um concorrente que antes não existia. Os recursos podem ser captados no mercado financeiro brasileiro e no exterior”, declarou o presidente da Farsul, Gedeão Pereira. 

O incentivo a mecanismos de financiamento privado, via mercado de capitais, com investimento estrangeiro no agronegócio brasileiro foi intensificado pela Nova Lei do Agro (Lei 13.986/2020), em vigor há pouco mais de um ano. 

Como funciona o CRA Garantido? 

A Bolsa de Valores do Brasil, a B3, define o CRA como um título de renda fixa lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, abrangendo financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização, ao beneficiamento ou à industrialização de produtos, insumos agropecuários ou máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. 

Na prática, funciona da seguinte forma: produtores rurais que precisam comprar insumos negociam com a empresa fornecedora a compra do produto a partir de uma Cédula de Produto Rural (CPR), principal título de financiamento do sistema de crédito agrícola e que serve como lastro para a emissão do CRA.  

A empresa que ficou de receber o valor pela venda do insumo a longo prazo, caso queira, pode adiantar os recebíveis. Ela, então, procura uma securitizadora – que pagará em dinheiro o valor que seria recebido futuramente e transforma esses créditos em títulos de renda fixa, os CRAs, que serão disponibilizados para negociação no mercado de capitais. Ao adquirir esses títulos, os investidores recebem uma remuneração prefixada, na maioria das vezes, com rendimento superior ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI). 

O CRA tem atraído os investidores pelos bons rendimentos que oferece. Todavia, como típico instrumento de mercado de capitais, não recebe a proteção do Fundo Garantidor de Créditos. É aí que o CRA Garantido apresenta seu diferencial: o BNDES passa a ser o garantidor do crédito, gerando mais segurança à operação.

Fonte: Noticias Agrícolas

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