Indústria continuará a depender de animais confinados diante do atraso na entrada de lotes terminados a pasto e mercado fica na mão do pecuarista
A nova onda de valorizações nos preços do boi gordo parece ter assustado as indústrias frigoríficas. Nos últimos dois dias desta semana, os compradores praticamente saíram dos balcões dos negócios, sugerindo que as margens das indústrias já tenham chegado ao seu limite algumas empresas passaram a operar no negativo, segundo avaliação da IHS Markit, sobretudo aquelas que atendem majoritariamente o mercado doméstico.
Nesta sexta-feira, repetindo o comportamento do dia anterior, o mercado físico da boiada gorda perdeu liquidez e, em algumas regiões do País, frigoríficos testam efetivação de novos negócios a preços abaixo das máximas vigentes, mesmo não possuindo escalas de abate longas, informa a IHS. Tal estratégia, porém, não surtiu efeito – pelo menos por enquanto as cotações seguem firmes, inclusive com o registro de altas em algumas regiões pecuárias.
Das 32 praças monitoradas pela Scot Consultoria, 15 apresentaram alta na cotação do boi gordo nesta sexta-feira. Em São Paulo a cotação do boi gordo estabilizou em R$290/@, preço bruto e à vista (ou R$ 289,50/@ com desconto do Senar e R$ 285,50/@ com desconto do Senar e Funrural), de acordo com dados da Scot. Para os machos que atendem os requisitos de exportação, principalmente os focados no mercado chinês, as ofertas de compra giram torno de R$ 300/@, valor bruto e à vista.
Por sua vez, também na praça paulista, as fêmeas apresentaram variações positivas de 1,1% para a vaca e 0,7% para a novilha, na comparação dia a dia, o que significou aumento de R$ 3/@ e R$ 2/@, respectivamente, segundo a Scot.
Férias coletivas
“Há plantas que sinalizam férias coletivas e paralisação temporária diante da dificuldade na originação de gado”, relata a IHS Markit. Além disso, muitas unidades frigoríficas adotaram a estratégia de reduzir a capacidade de abate diante da escassez de oferta de boiada gorda no Brasil neste ano.
Por sua vez, os preços da carne bovina subiram timidamente nesta semana, o que sugere não ser suficiente para cobrir todos os custos das indústrias de carne. Na avaliação da IHS Markit, os frigoríficos devem ficar atentos aos fluxos de escoamento durante os próximos dias a fim para definir as suas estratégias daqui para frente.
“Resta saber como o pecuarista vai se adequar a essa mudança de tendência dos preços, uma vez que a oferta de gado terminado permanecerá ajustada nesta etapa de final de ano e o setor continuará a depender de animais confinados diante do atraso na entrada de lotes terminados a pasto em função de chuva tardia”, observa a consultoria.
Fonte: Portal DBO