“Nosso desafio é produzir mais, colocar mais gente para produzir, e sempre de maneira sustentável, abastecendo adequadamente o Brasil e todos os nossos clientes”, afirma Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante o BTG Pactual AgroForum nesta sexta-feira (12). A ministra falou sobre os estoques globais de alimentos muito ajustados, em níveis jamais vistos, o que exige ainda mais da produção brasileira neste momento.
O atual cenário, que já provoca um sério movimento de inflação dos alimentos desde o final de 2020, traz ao Brasil grandes oportunidades de grandes números por mais um ano entre as exportações o aumento da produção interna, em especial de proteínas animais, onde o consumo também é crescente em todo mundo. Assim, destacou sua preocupação com o excesso de chuvas que, neste momento, além de prejudicar e atrasar a colheita da soja, atrasa também o plantio da safrinha de milho, que hoje é a principal do país.
Cristina citou os recentes números apresentados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em seu último levantamento com uma safra de grãos estimada em 272 milhões de toneladas, 6% maior do que na temporada anterior. E afirma que para que a produção continue apresentando ganhos tão expressivos, as políticas destinadas ao setor continuam a ser amplamente debatidas, como o Plano Safra – que deverá ser divulgados nos próximos meses – também com líderes de outras pastas, em especial o Ministério da Economia e o Banco Central.
A ministra falou ainda sobre a necessidade que o setor precisa de mais e novas linhas de crédito para financiamento, principalmente, na infraestrutura e, mais especificamente ainda, na armazenagem, logística e também implementação de protocolos sanitários e modernização de setores como o de proteínas animais, além da comercialização.
“E isso precisa se dar também no mercado de capitais, na iniciativa privada. Isso está andando, está melhorando, já há um ambiente melhor para os investimentos, mas acho que ainda de forma tímida. Mostramos que a agricultura é rentável e deve atrair os investimentos”, diz a ministra.
O setor ainda sofre com a escassez de recursos, mas cada vez mais, ainda como relata Tereza Cristina, os bancos privados vem acreditando e apostando no agronegócio brasileiro.
PESO DO AGRO NA INFLAÇÃO
Questionada sobre o peso do alimentos na inflação no Brasil, a ministra afirmou que todos os mecanismos de mercado que podem ser utilizados estão sendo pelo Ministério da Agricultura para que os efeitos dos altos preços possam ser mitigados. “Estoque é uma coisa muito cara para se carregar, então estão sendo estudadas essas medidas de mercado. Trabalhamos com um horizonte muito curto pelo problema de caixa do governo e com essa disciplina fiscal, cujo guardião é o ministro Paulo Guedes.
NOVOS MERCADOS
“A abertura de novos mercados tem sido uma tônica deste ministério nos últimos anos”, disse a ministra, afirmando também que hoje o Brasil já conta com acesso a mais de 126 mercados internacionais. Tereza Cristina tem trabalhado na intensificação da diplomacia internacional agrícola de forma intensiva, o que resultou na expressiva abertura de novos mercados em 2020, principalmente durante a pandemia.
“Éramos tímidos nesse movimento, faltava mais da iniciativa privada e isso veio melhorando em cadeias importantes como as de algodão, carnes, a própria soja. E agora temos que incentivar isso no milho e no sorgo, o que deverá ir bastante nítido e claro no próximo Plano Safra”, diz.
Ainda entre os novos mercados, a ministra afirmou também que acredita que, apesar das barreiras e dificuldades, o acordo entre Mercosul e União Europeia deverá sair e ser aprovado. “Quem está contra (na Europa) são os países que têm o agro mais forte e quem tem preocupação com a entrada do Brasil com um desafio pela frente, principalmente a França. Mas, o bom senso deve permanecer, e o tema deve se resolver, mas não será de maneira tranquila”.
DIVERSIFICAÇÃO DA PAUTA EXPORTADORA
Ao lado da abertura de novos mercado, a ministra defende e trabalha ainda na diversificação da pauta exportadora do Brasil e cita alguns mercados como gergelim e grão-de-bico brasileiros com enorme potencial.
Tereza Cristina destacou ainda a importância das proteínas animais em meio a uma demanda crescente e muito intensa, principalmente entre países da Ásia, além China. “Temos um crescimento interno na produção brasileira, o que é muito bom para agregar valor aos produtos e ainda uma notícia muito importante para a suinocultura que é o reconhecimento da OIE de seis estados livre de aftosa sem vacina, o que pode abrir nossas exportações que só compram de países com esse status”.
Fonte: Noticias Agrícolas