A criação de bezerras leiteiras pré-desmamados pode estar fechando o ciclo, de acordo com João Costa, professor associado da Universidade de Vermont.
Em um recente webinar chamado “Technology Tuesday”, organizado pelo programa Pro-Dairy da Cornell University, Costa observou que a nova tecnologia de precisão está permitindo o cuidado de bezerros de forma altamente especificada e individualizada, semelhante à maneira como eram criados décadas atrás. A chave é focar nos animais individualmente, mesmo quando estão em grandes grupos ou em grande quantidade.
“À medida que nossas fazendas cresceram, muitos de nossos processos de gestão se tornaram mais resilientes ao grupo”, afirmou Costa. “Mas a tecnologia agora permite monitorar o comportamento de cada animal e adaptar parte do manejo para cada indivíduo.”
Exemplos que ele compartilhou incluem:
- Nutrição pré-desmame – Costa recomendou pensar no período de alimentação com leite como duas fases. “Naquele primeiro mês de vida, não importa o que façamos – os bezerros não comerão grãos suficientes para sustentar o crescimento ideal”, afirmou. “O leite é fundamental nas primeiras 4 semanas.”
Alimentadores automáticos ou alimentadores em lote podem ser programados para fornecer dietas completas de leite nesse período (Costa recomenda mais de 8 l/bezerro/dia) e, em seguida, reduzir a oferta de leite nas próximas 4 semanas para estimular a transição para o grão starter.
- Intervenções de saúde – Ao detectar mudanças no comportamento dos bezerros, os monitores de atividade podem prever doenças como doenças respiratórias bovinas até cinco dias antes dos bezerros apresentarem sinais clínicos. Quando os algoritmos são definidos para parâmetros específicos, as estratégias de intervenção podem ser implementadas automaticamente se os bezerros começarem a exibir esses comportamentos precoces de doença, como redução da ingestão de leite e grãos; aumento do tempo deitado; sessões de descanso mais longas; e contagens de passos mais baixas.
As intervenções podem incluir a administração de eletrólitos, substituto do colostro, uma fonte de proteína diferente, butirato de sódio ou probióticos, como bactérias que utilizam lactase. Costa disse que alguns sistemas de alimentação também podem ser programados para apoiar os bezerros tratados em sua recuperação, revertendo para uma oferta total de leite após o tratamento, se o bezerro estiver na fase de desmame.
- Manejo do desmame – Em vez de uma idade definida, pesquisas recentes sugerem que o comportamento de consumo de ração deve ditar quando um animal individual deve ser desmamado. Sistemas automatizados que podem medir o consumo de grãos de bezerros individuais podem determinar quando os bezerros estão prontos para desmamar, o que pode variar consideravelmente entre animais da mesma idade.
Costa observou que a adoção da tecnologia de comportamento em bezerros está avançando além da coleta de dados e agora está se concentrando mais na implementação automática do manejo de suporte. “Gerar listas de animais não é suficiente para o pessoal da fazenda, que já está muito ocupado para lidar com os dados que são gerados”, declarou. “Agora estamos pesquisando como os ajustes podem ser feitos automaticamente, sem depender de assistência humana. Acho que a intervenção precoce tem um potencial incrível para melhorar a gravidade da doença em nossos sistemas de criação de bezerros.”
Também existe um interesse considerável em usar a tecnologia leiteira de precisão para avaliar a personalidade de bezerros individuais. Costa disse que já foi provado que bezerros curiosos encontram grãos starter mais cedo, comem mais grãos, têm maiores ganhos de peso corporal e experimentam menos visitas não recompensadas ao alimentador de leite. Faria sentido que aqueles comedores agressivos de alto desempenho também fossem as melhores vacas em lactação.
“Achamos que os bezerros com inclinação para a tecnologia provavelmente se tornarão vacas com inclinação para a tecnologia”, disse Costa. “Esperamos usar as novas ferramentas que temos disponíveis para identificar os animais com maior probabilidade de sucesso em nossos novos sistemas de manejo”.
Fonte: Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.