As novas cultivares se destacam pela elevada produtividade de amido de até 30%, maior em relação a cultivar mais plantada na região
A Embrapa Cerrados lançou nesta semana cultivares de mandioca para indústria de farinha e de fécula a BRS 417, BRS 418 e BRS 419, as primeiras a serem desenvolvidas para as condições do Cerrado no Centro-Oeste.
As novas cultivares se destacam pela elevada produtividade de amido de até 30%, maior em relação a cultivar mais plantada na região. Isso ocorre pela arquitetura favorável aos tratos culturais e ao plantio mecanizado devido à altura mais elevada das plantas e da primeira ramificação, bem como pela moderada resistência à bacteriose, principal doença da cultura no bioma.
Os resultados foram obtidos através de uma pesquisa de melhoramento genético participativo iniciada em 2012 que contou com mandiocultores, cooperativas e extensionistas rurais de diferentes polos de produção de amido do Cerrado. Os materiais vão contribuir para aperfeiçoar os sistemas de produção da mandiocultura na região, além de possibilitar a maior diversificação das cultivares utilizadas pelos produtores.
Segundo a Embrapa, a BRS 417 apresenta raízes com disposição e tamanho que facilitam a colheita mecanizada. Os experimentos mostram que a produtividade média de raízes foi de 38.005 kg/ha, com porcentagem de amido nas raízes de 31,53% e rendimento de amido de 11.984 kg/ha.
“São materiais que vão agregar características tecnológicas para os sistemas de produção de mandioca, como a facilitação do plantio mecanizado, que reduz o uso de mão de obra, além de aumentar a produtividade de amido por hectare e facilitar os tratos culturais, como aplicação de herbicidas, adubação de segundo ciclo e poda. Todas essas características contribuem de forma direta para a redução dos custos de produção”, afirma o pesquisador Eduardo Alano Vieira.
O pesquisador Josefino Fialho aposta que o produtor poderá escolher os materiais conforme o sistema de produção. “Quem tinha basicamente uma cultivar e variedades locais agora tem três novas opções. São materiais distintos e podem ser usados para manter a variabilidade genética dos cultivos. Nossa recomendação é: plante às três, teste-as nas suas condições e decida quais manter.”
Vieira acredita que as novas cultivares devem promover outros impactos positivos nos sistemas de produção da região. “Não há, atualmente, um mercado de comercialização de manivas-semente certificadas. E os novos clones têm uma taxa de multiplicação de maniva mais alta de uma planta da cultivar mais plantada se obtém cinco plantas novas, enquanto uma planta dos novos materiais possibilita ao menos dez novas plantas. Fica mais fácil difundir esses materiais desenvolvendo o comércio de manivas-semente”, explica.
No segundo semestre de 2020, a Embrapa disponibilizou material propagativo das cultivares a empresas produtoras de manivas-semente e de mudas micropropagadas por meio de oferta pública. “Como agregamos os licenciados para comercializar esses materiais, daremos opção ao produtor de comprar uma muda de qualidade genética superior, livre de pragas e doenças”, afirma Fialho.
Fonte: Embrapa Cerrados