O La Niña provavelmente será de fraco a moderado entre dezembro e fevereiro de 2022, apontou a Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Mas, embora mais ameno do que em 2020/2021, o fenômeno tende a afetar setores sensíveis ao clima, como agricultura, saúde, recursos hídricos e gestão de desastres.
O La Niña é um fenómeno ligado ao resfriamento em larga escala das temperaturas no Oceano Pacífico equatorial central e oriental, em conjunto com mudanças na circulação atmosférica tropical ou seja, ventos, pressão e chuvas. Geralmente tem reflexos opostos sobre o clima do que o El Niño, que é a fase quente da chamada Oscilação Sul do El Niño (ENSO).
“O impacto do resfriamento do La Niña 2020/2021, que é normalmente sentido na segunda metade do evento, significa que 2021 está sendo um dos dez anos mais quentes registrados, e não o mais quente. É um período de alivio curto e não reverte a tendência de aquecimento a longo prazo nem reduz a urgência da ação climática”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
Conforme a OMM, há 90% de chance de que as temperaturas da superfície do mar tropical do Pacífico permaneçam nos níveis do La Niña até o fim deste ano, e uma chance moderada (70% a 80%) de que persistam nesses patamares até o primeiro trimestre de 2022.
Além do El Niño e do La Niña, há outros fatores climáticos, como a Oscilação do Atlântico Norte e o Dipolo do Oceano Índico, para avaliar os prováveis efeitos dos fenômenos sobre a temperatura da superfície regional e os padrões de chuvas.
Impactos por região
Espera-se que muitas regiões do globo apresentem temperaturas acima da média. As exceções devem ser o noroeste da América do Norte, o subcontinente indiano, a Península Indochinesa e a Austrália.
Um inverno excepcionalmente quente é previsto no extremo norte e no nordeste da Ásia e no Ártico. Também são esperadas temperaturas acima da média no leste e no sudeste da América do Norte incluindo grande parte do Caribe e no nordeste da Ásia e grande parte da Europa, de acordo com os modelos.
Mais ao Sul, são previstas temperaturas acima da média em uma grande área do subcontinente marítimo que se estende para o Pacífico Sul, bem como perto da África equatorial, até Madagascar.
Temperaturas quase normais ou abaixo do normal são previstas para a maior parte da América do Sul, sobretudo no norte da região, enquanto para a maior parte da costa oeste sul-americana estão previstas temperaturas abaixo do normal.
São esperados alguns impactos típicos das chuvas do La Niña. Há maiores chances de condições anormalmente secas ao longo do Equador, em torno da linha e que devem se estendem até a parte mais meridional da América do Sul e ao noroeste do sul da Ásia e do Oriente Médio
Fonte: Valor Econômico