JBS, BTG e uma articulação mirabolante para fatiar a BRF

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Sadia de um lado, Perdigão de outro? O BTG Pactual está sondando empresas que poderiam se associar à JBS para tentar tomar o controle da BRF, apurou o Pipeline. A abordagem seria conjunta porque, como a JBS não pode avançar sobre a concorrente sem uma severa restrição regulatória, teria que necessariamente fatiar o negócio. 

O banco ainda não foi contratado para isso, não há um mandato formal com a JBS, mas começou a articular as possibilidades por categorias e marcas, disseram as fontes. “Neste momento, é um balão de ensaio”, afirmou uma delas. 

O interesse da JBS em um contra-ataque à Marfrig na BRF foi revelado na sexta-feira pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”. Desenhar um eventual fatiamento seria uma forma de minar o avanço da Marfrig sobre a BRF. A companhia de Marcos Molina, que aplicou mais de US$ 1 bilhão para montar uma posição de 31,6% na dona de Sadia e Perdigão, declarou que vai ser um acionista passivo – mas pouca gente acredita que isso se sustente no longo prazo (no curto prazo pode até ser, já que a Marfrig está amarrada a determinadas condições com o J.P. Morgan, seu financiador na compra dos papéis). Investidores não deixaram de notar que, em consultas que fizeram à JBS, a companhia disse que não comentaria especulações – sem fazer questão de encerrá-las. 

Para quem carrega BRF na carteira, o rumor veio bem a calhar – as ações da empresa chegaram a subir mais de 14% na sextafeira. “Isso mostra como a BRF é estratégica para quem quer ser relevante em processados”, apontou um analista. Para um gestor comprado em BRF, a qualidade do ativo justificaria uma disputa dessas. 

Os planos, no entanto, parecem muito mirabolantes para saírem do papel, dizem as fontes. Para controlar a BRF, a JBS teria de gastar os tubos em uma oferta pública de ações, contrariando o histórico da família Batista, que avançou pagando pouco por ativos de empresas em dificuldades. 

Assumindo o prêmio de controle e a poison pill de 33,3% da BRF, a jogada poderia sair por R$ 40 bilhões, estimam analistas. Nesse hipótese, a JBS ficaria sem direito a voto na empresa até a transação chegar ao Cade. 

Retalhar a BRF e até trocar a Seara soa despropositado para quem conhece a JBS e o tamanho do esforço da família Batista na Seara. Para um advogado especialista em antitruste, no entanto, trocar a Seara seria o mais simples dentro da complexidade do movimento.

“O jogo seria não deixar tudo cair na mão da Marfrig”, diz um observador privilegiado. Se tentasse um caminho semelhante ao da Marfrig na BRF, para pressionar a divisão de ativos, a JBS teria mais dificuldades uma vez que Molina enxugou parte da liquidez e fez o preço subir. Também haveria obstáculos à a tal posição passiva – a relação entre CSN e Usiminas já criou referência no Cade.

No órgão antitruste, a posição da JBS poderia acabar torpedeada não apenas pela concentração em frango, suínos e alimentos processados, a área de atuação da Seara, mas também pelo gigantesco negócio de carne bovina. Juntas, as marcas de BRF e JBS dominariam mais de 70% em categorias bem relevantes. 

Um dos trunfos da Marfrig na compra das ações da BRF é justamente esse. Segunda maior indústria de carne bovina do país, a empresa de Marcos Molina agregaria uma proteína que a BRF não possui, o que poderia ajudar em negociações comerciais. No momento, boa parte das apostas é de vitória da Marfrig por WO. Mas como o avanço de Molina também era considerado improvável… 

Fonte: Valor Econômico

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