Os frigoríficos brasileiros avançaram no quesito bem-estar animal em 2020, segundo o Business Benchmark on Farm Animal Welfare (BBFAW), ranking que analisa as práticas das cadeias de produção de 150 empresas globais de alimentos.
O levantamento, que está em sua nona edição, é produzido com apoio da Proteção Animal Mundial e da Compassion in World Farming.
O BBFAW classifica as empresas com notas que vão de 1 dada às que têm as melhores políticas de bem-estar animal em sua cadeia de produção a 6 as de pior desempenho. Cinco frigoríficos brasileiros entraram no comparativo: Marfrig (que recebeu nota 2, a mais alta entre as representantes nacionais), BRF, JBS, Minerva (notas 3) e Aurora (nota 4).
Entre os quesitos avaliados pelo ranking estão práticas que vão da aplicação profilática de antibióticos em frangos à prevenção contra mutilações de rotina, como castração, corte dos dentes e da cauda.
Segundo o zootecnista e gerente de agropecuária sustentável da Proteção Animal Mundial, José Rodolfo Ciocca, essa foi a primeira vez, desde a primeira edição do ranking, em 2012, que as empresas da América Latina avançaram mais que as americanas, que estão entre as mais bem-avaliadas no levantamento. “Precisamos trabalhar com sistemas mais éticos e sustentáveis nas cadeias produtivas”, afirma.
Presente no ranking desde a primeira edição, a Marfrig passou do patamar 4 no ano passado para o 2 no novo relatório. Em nota, a empresa disse que o resultado só foi possível devido à implementação de melhorias e revisões de políticas internas, além da maior disponibilidade de informações de suas operações.
A empresa também disse que está “evitando” o confinamento de seus animais. “Aqui no Brasil existe o semiconfinamento, no qual os animais recebem suplementação durante a fase de engorda”, disse, em nota, o diretor de sustentabilidade e comunicação da Marfrig, Paulo Pianez.
A Minerva também subiu dois degraus em relação ao ano passado, quando teve nota 5. Em nota, a empresa informou que implementou a ferramenta “Trajeto do Boi” para garantir a conformidade das instalações – o bem-estar animal em transportes é outro dos quesitos avaliados no BBFAW.
A JBS repetiu a classificação 3 que havia obtido no ano passado. A companhia destacou, em nota, que só no ano passado, investiu R$ 162,8 milhões em avanços de bem-estar animal no Brasil e treinou mais de 27 mil pessoas sobre o tema.
“Outro ponto de destaque é a evolução da Seara em seu compromisso com o uso de gaiolas de gestação coletiva para matrizes suínas, que proporcionam mais conforto quando comparadas às baias individuais. O objetivo da empresa é atingir 100% da produção nesse sistema até 2025”, disse a JBS.
A BRF também seguiu com a nota de 2020. Entre suas ações, a empresa disse ter atingido 100% de sua meta de eliminação do corte ou desgaste de dentes dos suínos e que, para 2022, fará a castração cirúrgica somente em casos necessários e com o uso de analgésicos e anestésicos.
A Aurora também manteve a nota que havia obtido na edição do ranking publicada no ano passado e, com isso, passou a ser a de pior classificação entre as brasileiras. No BBFAW de 2021, a central cooperativa catarinense foi convidada a esclarecer e evitar algumas práticas, como reduzir ou evitar o uso rotineiro de antibióticos.
Em nota, a Aurora disse que adota práticas de melhoramento genético em relação ao uso rotineiro de antibióticos. A central informou também que passou a adotar a imunocastração técnica não-cirúrgica em larga escala. Agora, a prática é utilizada em toda a sua criação de suínos.
Fonte: Valor Econômico