Levantamento do Cepea, em parceria com sistema CNA/Senar, mostra quantas sacas a mais os produtores de grãos precisam gastar para produzir um hectare em relação a maio do ano passado
Levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) mostra que o custo de produção de soja e milho segunda safra nos dois principais estados produtores do país cresceu de 36% até quase 75% entre maio de 2021 e abril de 2022. De acordo com o estudo, ao qual o Canal Rural teve acesso, o aumento mais significativo é o do custo de produção do milho no Paraná, onde os agricultores gastam hoje 27 sacas a mais para produzir um hectare do cereal.
O estudo, que faz parte do Projeto Campo Futuro, uma parceria do Cepea com o sistema CNA/Senar, indica a relação de troca mensal dos insumos agropecuários e dos principais itens que compõem o custo de produção desses dois grãos em Mato Grosso e no Paraná.
Os sojicultores de Mato Grosso, por exemplo, tinham há um ano um custo operacional total de 25,15 sacas da oleaginosa por hectare cultivado, contra 36,48 sacas na mesma área em abril deste ano. Isso significa que o produtor mato-grossense de soja precisa hoje de 11 sacas a mais para produzir um hectare da oleaginosa. A diferença é de 45% a mais no período, com destaque para o peso relativo a fertilizantes, que passou de 8,59 sacas de soja/ha para 16,63 sacas/ha, ou 93% a mais.
Já no Paraná, os produtores gastavam 26,62 sacas de soja para produzir um hectare, ao passo que essa relação ficou em 36,4 sacas/ha em maio deste ano, uma evolução de 36,73%. Ou seja, em um ano, é preciso gastar quase 10 sacas a mais de soja para produzir um hectare. Também nesse estado o maior peso nos custos veio dos fertilizantes, que representavam gastos de 6,69 sacas/ha no ano passado e passaram a 13,25 sacas/ha agora, um aumento de 98%.
No caso do milho segunda safra, os custos operacionais foram ainda maiores entre um período e outro. Em Mato Grosso, o custo total por hectare representava 41,26 sacas do cereal em maio de 2021, contra 64,31 sacas/ha em abril deste ano, ou quase 56% a mais de um período para o outro. Os gastos com fertilizantes nesse caso saíram de 11,2 sacas de milho por hectare para 24,54 sacas/ha, aumento de quase 120%.
O custo operacional do cereal de segunda safra no Paraná, por sua vez, partiu de 36,25 sacas por hectare em maio de 2021 para 63,27 sacas/ha em abril passado, um aumento de 74,5% inacreditáveis 27 sacas a mais para produzir um hectare de milho. Os gastos referentes aos fertilizantes utilizados no milho no estado saíram de 10,32 sacas do cereal por hectare para 26 sacas/ha em abril de 2022, ou um aumento de mais de 150% entre os dois períodos.
De acordo com Mauro Osaki, pesquisador da área de custos agrícolas do Cepea, os custos operacionais levantados pelo Projeto Campo Futuro representam o desembolso total do agricultor na produção dos grãos, não incluindo depreciação, juros e custo de arrendamento da terra. Os gastos com fertilizantes representam o orçamento dos principais tratamentos realizados na implantação das lavouras.
Fonte: Canal Rural