A estratégia de carbono zero no agronegócio, um dos quatro pilares do Pacto Global da ONU e chave para o desenvolvimento sustentável, traz para o Brasil oportunidades de negócios superiores às de qualquer outro país.
Investimentos entre US$ 14 bilhões e US$ 20 bilhões por ano, novas tecnologias e modelo de produção agropecuária carbono zero no país podem agregar ao PIB nacional entre US$ 40 bilhões e US$ 60 bilhões por ano, de acordo com os cálculos de Ned Harvey, CEO da Digital Gaya, especialista em tecnologias inovadoras de práticas regenerativas. “O Brasil tem a oportunidade da vida nesse momento”, afirma Harvey. Inovações originadas em pesquisas acadêmicas darão o suporte fundamental para sustentação dos projetos.
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Mas para atingir tais cifras, o país precisa facilitar acesso aos milhares de pequenos produtores na região Amazônia a essas novas tecnologias, de modo que possam usar seus conhecimentos na transição rumo à produção sustentável. Além disso, enfrentar um dos principais desafios, o de garantir transparência e recursos adequados para atração dos recursos.
“Os investidores globais precisam confiar que terão o retorno esperado. Eles precisam acreditar que o Brasil é o lugar certo para aportar recursos na produção de superalimentos e produtos agrícolas sustentáveis”, afirma.
O agronegócio é setor chave para desenvolvimento sustentável nacional. Líder na exportação de carne bovina no mundo, além de ser um dos maiores exportadores de soja, o Brasil tem pela frente o desafio de ampliar sua produção mirando uma agropecuária de baixo carbono.
Estudos mostram que os projetos atuais poderão mitigar, até 2030, 215 megatoneladas emissões de carbono. O consumo de carne no mundo não para de crescer. Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 2030 o consumo médio global per capita deverá aumentar 14,2%. Hoje, é de 34,1 kg, chegando a 60 kg no conjunto dos países desenvolvidos.
O cenário atual é desafiador. Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), observa que 50% das emissões brasileiras de gases de efeito-estufa são resultantes do desmatamento e do corte da floresta na Amazônia, os outros 25% estão associados à agricultura e pecuária. Para fazer frente à expansão da demanda global de alimentos de forma sustentável será preciso dialogar com o setor florestal e o de produção de alimentos. Transição verde prevê mudança do usa da terra, envolvendo produtores e gerando renda e oportunidade de crescimento.
Alessandra Fajardo, da Bayer, observa que o aumento da produção demanda preservação. “Não precisamos mais de área para produção. Precisamos produzir mais nas áreas já disponíveis”, afirma Fajardo. Para cada hectare plantado hoje no Brasil, há cerca de três hectares abandonados em regiões potencialmente férteis.
Paula Costa, fundadora da Preta Terra, cita técnicas ainda pouco utilizadas na produção agropecuária sustentável que podem ser expandidas para restauração. “Essa realidade é uma oportunidade para o Brasil. Podemos recuperar áreas degradadas com agricultura regenerativa, recuperando essas áreas por meio da produção de grãos, pecuária ou sistemas agroflorestais”, diz. O carbono é a ponta do iceberg, o protótipo do pagamento por serviços ambientais.
Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú, considera que um dos principais incentivos para avançar na cultura sustentável está no potencial das redes e na articulação entre poder público, privado e sociedade civil em torno de uma transformação sistêmica. Ou seja, estratégia integrada, que busca convergência entre a agenda agro e ambiental. A seu ver, não se pode falar em desmatamento sem falar em desenvolvimento que promova a transformação do território.
“Das 4,5 mil comunidades indígenas e quilombolas da Amazônia, só uma tem conectividade. Isso dificulta a disseminação da tecnologia de baixo carbono na região. Temos que olhar para as 30 milhões de pessoas que lá vivem. O desafio é promover alternativas que conciliem o capital natural com a dignidade das pessoas que vivem na região. Não dá para falar de alternativas econômicas que mantenha floresta em pé sem qualidade de vida para a população”.
Fonte: Valor Econômico