No próximo mês, além da expectativa de elevação de oferta de animais terminados no pasto, é possível que a China retome com força a busca pela proteína, depois da ausência marcada pelas festas do Ano Novo Lunar
A semana encurtada pelo feriado prolongado de Carnaval serviu para que boa parte dos frigoríficos resolvesse reformular as suas estratégias de compra de boiada gorda, informa a IHS Markit nesta sexta-feira (19/2). “Muitas indústrias continuaram a regular o ritmo de suas aquisições diante do aperto de suas margens operacionais”, destaca a consultoria. Nas últimas semanas, a pressão de baixa nos preços da arroba imposta pelos frigoríficos não surtiu o efeito desejado, pois o mercado continua sendo sustentado pela oferta restrita de animais e pela redução da capacidade de abate entre as indústrias espalhadas pelo País.
Segundo os analistas da IHS, o aumento dos custos gerados pelos atuais patamares recordes dos preços da arroba bovina reforça a necessidade de mudança de postura por parte dos frigoríficos, uma vez que escoamento da produção da carne bovina no mercado doméstico continua tímido e também as exportações registraram ritmo lento nas primeiras semanas deste ano.
Na avalição da consultoria, os preços praticados no mercado físico do boi gordo se mostram bem mais altos em relação às máximas apresentadas na etapa final de 2020, mas proporcionalmente, os valores dos principais cortes bovinos não galgaram maiores valorizações neste primeiro trimestre de 2021. “A inconsistência do consumo da carne bovina nas gôndolas não possibilita uma melhora mais consistente que estimulasse repasse pleno dos custos de produção ao consumidor fina”, reforça a IHS.
Como já mencionado neste texto, outro ponto de alerta entre as indústrias frigoríficas seria o desempenho dos embarques da proteína bovina ao exterior nas últimas semanas. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontaram que, até a segunda semana de fevereiro, foram exportadas 45 mil toneladas de carne bovina in natura, resultando numa média de 4,5 mil toneladas por dia útil, número 26,8% abaixo do observado em fevereiro de 2020.
“Embora a receita das vendas ao mercado externo ainda garanta uma margem satisfatória às unidades de abate habilitadas, os volumes até aqui ainda estão fracos, sobretudo se comparado ao ano passado”, relata a IHS, acrescentando que, em parte, o menor ritmo das exportações é motivado pela ausência chinesa nas compras do produto brasileiro, devido às comemorações do Ano Novo Lunar.
Porém, na avaliação da IHS, é possível que, a partir de março, ocorra uma retomada dos embarques à China, devido ao fim das comemorações do Ano Novo Lunar no país asiático. No entanto, neste momento, as indústrias exportadoras também relatam redução nas exportações para outros países compradores importantes, como o Chile. O motivo seria a atual falta de competividade da carne brasileira em relação aos outros países exportadores de carne da América do Sul (Argentina, Uruguai e Paraguai), acrescenta a IHS.
Dessa maneira, o fluxo de negócios no mercado pecuário brasileiro mostra morosidade, pautado essencialmente pela escassa oferta de animais terminados. Segundo apuração da Scot Consultoria, o mercado do boi gordo segue estável em São Paulo há mais de duas semanas. “A oferta de boiadas continua enxuta, resultando em dificuldades dos frigoríficos em compor as escalas de abate”, analisa a Scot. No entanto, a demanda comedida no mercado interno colabora para o cenário mais lento, acrescenta.
Movimentação diária
Nesta sexta-feira, os preços da arroba registraram oscilações distintas entre as praças pecuárias do País, apurou a IHS Markit. “Os primeiros dados que chegam ao mercado pecuário já mostram que os volumes de abates em 2021 estão nas mínimas históricas devido às dificuldades na originação de ofertas de gado gordo”, ressalta a consultoria. Porém, continua a IHS, a volatilidade observada no mercado sinaliza um aparente esgotamento na tendência de alta nos preços da arroba.
Com relação a ponta vendedora, os pecuaristas poderão elevar a oferta de boiada gorda a partir de março, motivados pela recuperação das pastagens. No entendimento da IHS, o mercado já não dispõe de lotes confinados e os elevados custos com ração não permitem uma realocação da engorda no cocho sem que isso resultem em margens deprimidas.
Giro pelas praças
Nesta sexta-feira, no interior paulista, plantas habilitadas para exportação de carne bovina continuaram a manter suporte à demanda por animais prontos para abater. Dessa maneira, os preços voltaram a reagir, já em função da retomada das vendas a China no próximo mês de março, observa a IHS. Dessa maneira, o preço do animal terminado em São Paulo subiu R$ 2/@ nesta sexta-feira, para R$ 302, a prazo, de acordo com levantamento da IHS.
Em Minas Gerais, o fluxo de gado gordo do Norte do Estado diminuiu a pressão altista na região do Triângulo e também em Belo Horizonte, informa a IHS
Entre as praças situadas em Mato Grosso, o ambiente de firmeza na arroba também é ocasionado pela demanda de frigoríficos exportadores, embora a presença de compradores de outros Estados também vem dando suporte adicional ao mercado local, relata a consultoria.
No Mato Grosso do Sul, indústrias locais testam efetivações de novos negócios a valores abaixo das máximas vigentes depois de preencher suas escalas de abate até a próxima quinta-feira (25/2), informa a IHS.
Entre as praças das regiões Norte e Nordeste, o quadro de volatilidade de preço do boi gordo também se mostrou presente em função da maior cautela dos compradores de gado.
No Pará, o mercado segue estável. Em Rondônia, novos ajustes negativos foram computados, motivados pela melhor adequação dos abates diários. No Maranhão, o mercado do boi gordo segue fraco. Na Bahia e Tocantins, a oferta segue restrita e escala de abate bastante curtas, estabilizando os preços dos animais terminados.
Atacado registra instabilidade
No atacado brasileiro de carne bovina, a semana encerra com muita indefinição e instabilidade nos preços dos cortes, informa a IHS. “O fluxo ainda foi suficiente para garantir estabilidade aos preços dos principais cortes bovinos, sobretudo depois dos ajustes negativos registrados nos últimos dias”, avalia a consultoria.
Porém, prevê a IHS, novas baixas não deverão ser descartadas no curtíssimo prazo, devido ao período atual (segunda quinzena de mês, quando há teoricamente um maior esgotamento dos salários dos trabalhadores).
Cotações desta sexta-feira (19/2), segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 302/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 284/@ (à vista)
vaca a R$ 269/@ (à vista)
MS-C. Grande:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 268/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 289/@ (prazo)
vaca a R$ 277/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 276/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 287/@ (à vista)
vaca a R$ 275/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 285/@ (à vista)
vaca a R$ 272/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca R$ 278/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 279/@ (à vista)
vaca a R$ 271/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 282/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 282/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 275@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 274/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 279/@ (à vista)
vaca a R$ 269/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 272/@ (à vista)
vaca a R$ 259@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 268/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 269/@ (à vista)
vaca a R$ 256/@ (à vista)
Fonte: Portal DBO