Segundo dados da Agrifatto, o bezerro já está há 10 meses consecutivos sem demonstrar fortes desvalorizações
O descasamento entre a reposição e o boi gordo está cada vez mais latente, o que pode ser um indicador da fase de transição (para a fase de alta) do ciclo pecuário, observam os analistas da Agrifatto.
Desde o começo de 2024, o preço do boi gordo recuou 7,86%, saindo de um valor médio de R$ 249,65/@ em janeiro/24 para R$ 230,04/@ na parcial de maio/24 (até o dia 17/05) dados de São Paulo.
Enquanto isso, no mesmo intervalo de tempo, o bezerro ficou praticamente estagnado registrou alta de 0,19%, saindo do valor médio de R$ 2.086/cabeça em janeiro/24 para R$ 2.090 em maio/24, compara a Agrifatto (dados do mercado no Mato Grosso do Sul).
No mesmo período, o preço do boi magro (SP) caiu, porém, esta baixa foi de 3,90% (ante quase o recuo de quase 8% do boi gordo), saindo de R$ 3.130/cabeça em janeiro/24 para R$ 3.008/cabeça na parcial de maio/24.
“Ou seja, mesmo com o boi gordo sofrendo uma forte pressão negativa, e os recriadores tentando passar esse sentimento na hora da compra da reposição, não houve a mesma efetividade na desvalorização do boi magro”, ressalta a Agrifatto.
Com isso, os termos de troca pioraram consideravelmente para os recriadores/invernistas. A relação de troca bezerro/boi gordo pelo indicador Cepea saiu de 2,39 cab/cab em janeiro/24 para 2,20 cab/cab na parcial de maio/24, o pior nível de troca desde outubro/23, informa a Agrifatto.
“Esses números equivalem a um ágio médio de 40%, 9 pontos percentuais acima da média histórica”, acrescenta.
Os gastos para comprar o boi magro também ficaram proporcionalmente maiores: em janeiro/24, o recriador desembolsava 12,5 arrobas de boi gordo para comprar um boi magro e agora (parcial de maio/24) ele necessita de 13,1 arrobas de boi gordo para comprar o mesmo boi magro em São Paulo, compara a Agrifatto.
“Ainda que não estejam nos piores níveis dos últimos anos, o descasamento na movimentação de preços entre os animais mais jovens e o boi gordo chama a atenção, pois, na nossa visão, pode indicar o caminho de longo prazo para o boi gordo”, acredita a Agrifatto, que acrescenta: “A primeira etapa para a valorização das cotações do animal terminado é o fim da queda do bezerro”.
Segundo dados da Agrifatto, o bezerro já está há 10 meses consecutivos sem demonstrar fortes desvalorizações. “Se o bezerro não cai, isso (fim do movimento mais intenso de quedas) pode ser a próxima etapa para o boi gordo”, reforça a consultoria.
No entanto, continuam os analistas, até chegar esse momento, o descasamento nos termos de troca ainda irá incomodar o recriador/invernista e impedir uma valorização mais intensa do bezerro.
“O ciclo pecuário é um ‘bicho’ silencioso, sorrateiro e devagar, mas ele sempre atacará e esse movimento que está acontecendo de descasamento é uma das suas garras”, acreditam os analistas.
Fonte: Portal DBO