Os preços do leite pago ao produtor caíram pelo segundo mês consecutivo. Apesar da produção em queda nas principais bacias leiteiras, a demanda fraca na ponta final da cadeia tem ditado o rumo do mercado.
Considerando a média ponderada dos dezoito estados pesquisados pela Scot Consultoria, a queda foi de 1,5% no pagamento realizado em fevereiro, que remunera a produção entregue em janeiro, na comparação mensal.
Mesmo com os recuos no primeiro bimestre de 2021, o patamar atual está 37,4% acima do registrado em igual período do ano passado. A preocupação, no entanto, é com os custos de produção da atividade, que seguem elevados e apertando a margem do produtor.
Com relação a produção de matéria-prima (leite cru), o volume captado em janeiro/21 caiu 0,3% (média nacional). Ainda que o volume captado tenha caído desde o pico de produção, em dezembro/20, os níveis atuais estão acima dos verificados de julho a novembro do ano passado e, em relação a janeiro de 2020, o volume foi 6,8% maior este ano, com as pastagens em melhores condições com as chuvas mais regulares e em maiores volumes desde o início.
Além da produção em patamares mais altos, o consumo doméstico de leite e derivados está patinando desde o começo do ano, sendo que, além da sazonalidade típica desse período, o fim do auxílio emergencial do governo federal, em dezembro/20, pesou negativamente sobre a demanda.
Com a demanda fraca, os varejistas têm pressionado o mercado atacadista, que registrou quedas nos preços dos lácteos em fevereiro. Foram verificados recuos também nas cotações no varejo.
Para o pagamento a ser realizado em março/21 (produção entregue em fevereiro/21), o viés é de manutenção a queda nos preços do leite pago ao produtor. Segundo levantamento da Scot Consultoria, 45% dos laticínios acreditam em estabilidade no preço do leite ao produtor, 43% das indústrias falam em queda e 12% estimam alta para o produtor.
Entretanto, com a produção diminuindo, as quedas no preço do leite deverão ser mais comedidas em curto e médio prazos.
A retomada do auxílio emergencial, embora mais tímido que o anterior, tem potencial para colaborar com o escoamento no mercado de leite e derivados, o que poderia ajudar na sustentação dos preços em curto e médio prazos.
Fonte: Scot Consultoria