Cooperativa de Goiás transforma dejeto animal em biogás

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FICHA DE CONSUMO DE SUPLEMENTO MINERAL GRÁTIS

Em meio à escalada dos custos do botijão de gás, a Cooperativa Mista da Agricultura Familiar, do Meio Ambiente e da Cultura do Brasil (Coopindaiá), instalada na zona rural de Luziânia, em Goiás, no entorno do Distrito Federal, prepara-se para receber em junho o primeiro de três biodigestores construídos em parceria com a Embrapa Agroenergia, como parte do projeto Gasfarm, para substituir o gás fóssil pelo biogás produzido a partir de dejetos animais. “Vamos economizar gás, deixar de queimar lenha e de jogar CO2 na atmosfera, além de dar uma destinação sustentável para o estrume do gado leiteiro”, afirma Luciano Andrade de Carvalho, diretor presidente da Coopindaiá.

“É um desafio projetar pequenos sistemas de biodigestão de baixo custo, perfeitamente funcionais, que ofereçam relativa facilidade de manutenção e operação e assegurem boa vida útil ao equipamento”, observa Itânia Pinheiro Soares, pesquisadora da Embrapa Agroenergia. Inicialmente, o projeto contemplará três propriedades, “que servirão de modelo para as demais”, detalha a pesquisadora. Cada um desses biodigestores terá capacidade para produzir o equivalente a até quatro botijões de gás mensalmente.

Carvalho espera que todos os sistemas estejam instalados e em operação antes do final deste ano. No total, segundo ele, a cooperativa registra mais de 600 associados, produzindo leite e derivados, grãos e hortifrútis. Desse total, perto de duas centenas produzem em torno de mil litros de leite por mês, somando um rebanho de aproximadamente 10 mil cabeças. O biogás poderá ser usado para aquecer a água utilizada na limpeza das ordenhas e dos tanques de expansão, para alimentar o gerador de energia e ainda na cozinha dos associados.

Até 2030, estima o pesquisador Airton Kunz, da Embrapa Suínos e Aves, a meta do programa Manejo de Resíduos da Produção Animal (MRPA), parte da agenda do plano ABC+, é tratar algo como 208,4 milhões de metros cúbicos de dejetos, o que seria equivalente à mitigação de 118,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente na natureza. O ABC+ é o plano setorial de adaptação e baixa emissão de carbono na agropecuária, cuja meta é reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor até 2030.

A descarbonização do MPRA , nesse caso, está associada à “mitigação das emissões da decomposição natural dos resíduos, ao aproveitamento energético do biogás em substituição a combustíveis fósseis e à substituição do uso de fertilizantes sintéticos pelo uso do digestato, produto final da digestão anaeróbica dos rejeitos animais”, destaca Airton Kunz.

Para literalmente acelerar esse processo, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Agroenergia desenvolveu dois catalisadores que combinam óxidos de alumínio, de magnésio, de níquel e de metais de terras raras (praseodímio e gadolínio) para uso no processo de reforma a vapor de biogás.

O gás de síntese obtido a partir desse processo contém hidrogênio, que pode ser utilizado na produção de amônia, no refino de petróleo, na metalurgia e na indústria de alimentos, e ainda gás carbônico, aproveitado como matéria prima pelos setores químico e farmacêutico, descreve Emerson Schultz, coordenador da pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroenergia.

Os testes em laboratório, conforme o pesquisador, mostraram que o uso combinado daqueles metais deu maior estabilidade ao catalisador, alongando sua vida útil. O passo seguinte será adicionar o ácido sulfídrico (H2S) ao biogás simulado usado nos testes iniciais para emular as condições naturais do biogás produzido a partir de resíduos da agropecuária e analisar o desempenho dos catalisadores nos reatores da própria Embrapa Agroenergia. A etapa seguinte exigirá a busca de parceiros interessados em realizar os testes em escala industrial, com uso de reatores de grande porte.

Fonte: Valor Econômico

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