Entre as técnicas que podem ajudar nessa missão sustentável, a ILPF é uma das mais eficientes por proporcionar diversos benefícios
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), recentemente fez um comunicado, alertando para a degradação de um terço dos solos do planeta, ou seja, cerca de 33% da área em nível global está moderada ou altamente comprometida. Diante desse importante fato, mais do que nunca é preciso se atentar às técnicas de conservação e recuperação do solo buscando modelos economicamente viáveis e ambientalmente corretos, para que os produtores consigam aumentar a sustentabilidade das atividades agrícolas mantendo em alta a produção de alimentos.
Entre as variadas técnicas de conservação do solo possíveis, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pode ser uma das mais interessantes. Por integrarem cultivos anuais com a presença de árvores e animais, sistemas ILPF são excelentes opções para:
* melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo;
* a diversidade de espécies e a rotação de culturas ajudam no controle da erosão, aumento da porosidade do solo e, consequentemente, a infiltração de água para recomposição dos lençóis freáticos;
* recuperação de nutrientes perdidos ou drenados para camadas mais profundas do solo, especialmente pelas raízes das árvores e forrageiras;
* controle de pragas e plantas daninhas;
* aumento do bem-estar animal e um melhor desempenho produtivo do rebanho.
De acordo com o zootecnista Diogo Rodrigues, doutor em pastagem da Soesp – Sementes Oeste Paulista, vale lembrar que, além de promover maior conservação do solo, há muitos outros benefícios ambientais, econômicos e sociais considerados a base da sustentabilidade, quando a ILPF é bem-planejada e executada. “Do ponto de vista econômico, esse sistema possibilita uma intensificação do uso das terras, aumentando a produtividade e o lucro, além de proporcionar maior diversificação de produtos”, destaca.
Clientes da Soesp que implantaram a ILPF ou usaram palhada de brachiaria nas últimas safras, já relataram melhorias na produção de milho e soja, reflexo do aumento na qualidade do solo proporcionado por estes sistemas. Um exemplo é a Fazenda Aliança, em Querência-MT que aumentou a produção de 49 para 61 sacas de soja por hectare após três safras utilizando palhada de Ruziziensis Advanced.
Estoque de carbono
Resultados de uma pesquisa da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) mostraram o incremento de matéria orgânica (estoque de carbono) ao solo por meio do aumento da cobertura de palhada na área. A pesquisa identificou que após dois anos de lavoura de feijão-caupi e milho, e dois anos de pastagem com braquiária Piatã, os estoques de carbono foram estatisticamente semelhantes ao valor mensurado na mata nativa da Área de Preservação Permanente localizada próxima ao experimento, cujo estoque de carbono encontrado foi de 75 toneladas por hectare (t/ha).
Segundo o zootecnista, a presença da braquiária no sistema produtivo ajuda a explicar a rapidez do processo de recuperação do estoque de carbono no solo. Além disso, as árvores nesse sistema também contribuem para melhor conservação do solo. “A interação dos componentes e o fato da árvore possuir raízes ainda mais profundas possibilitam redução da erosão, ciclagem de nutrientes e incremento da matéria orgânica do solo”, ressaltou.
Também há outros estudos que indicam que o volume de perda de solo e o escoamento da água da chuva, são menores no sistema de Integração lavoura-floresta do que na área apenas com lavoura. Tal fato possibilita melhora na conservação dos recursos hídricos e consequentemente dos nutrientes presentes no solo, conservando-os.
“Historicamente, o plantio direto, a adoção da rotação de culturas e o aumento da entrada de resíduos vegetais no sistema, principalmente pelo uso de plantas de cobertura com alta produção de matéria seca (Brachiaria spp, por exemplo), são as técnicas mais recomendadas para promover a conservação do solo”, reforçou Diogo.
Fonte: Agrolink