O mercado do trigo voltou mais uma vez suas atenções para uma possível invasão russa na Ucrânia, e os contratos futuros do cereal negociados na bolsa de Chicago subiram nesta quinta-feira. Os papéis para maio, atualmente os mais negociados, subiram 2,35% (18,50 centavos de dólar), a US$ 8,0475 o bushel.
Diante de sinais trocados de Vladimir Putin, o Ocidente, em especial os EUA, não acreditam que a Rússia esteja mesmo retirando suas tropas da fronteira com a Ucrânia. Na avaliação da inteligência americana, os russos seguem aumentando sua concentração militar na região e seguem prontos para atacar.
Tanto que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou o governo da Rússia de planejar um ataque simulado pelos ucranianos para justificar a entrada no país. Sob esta tensão, Moscou expulsou o vice-embaixador americano do país.
Outro suporte importante veio de uma licitação internacional feita pelo Egito, maior importador de trigo do mundo. O comprador estatal de grãos do país, Gasc, recebeu 21 propostas, de acordo com o “The Wall Street Journal”, sendo sete ofertas da Romênia, três da França, cinco da Rússia e seis da Ucrânia.
Os egípcios fecharam a aquisição de 180 mil toneladas de trigo romeno por US$ 338,55 a tonelada. Os preços praticados nestes leilões são vistos como um guia para estabelecer preços de referência no mercado internacional. A previsão é que os carregamentos negociados nesta quinta-feira sejam entregues no começo de abril.
Em relação à oferta global de trigo, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) manteve sua estimativa de produção em 781 milhões de toneladas, enquanto elevou o comércio global para 197 milhões. As previsões para estoques finais foram mantidas em 278 milhões de toneladas.
No mercado dos EUA, o Departamento de Agricultura do país (USDA) informou nesta quinta-feira foram fechados contratos para exportar 118 mil toneladas em 2021/22 até o dia 10 de fevereiro, com alta de 39% na comparação semanal, mas baixa de 61% na média. Outras 10,5 mil toneladas foram negociadas para 2022/23.
Apoiado novamente pelo trigo, o milho também fechou em alta. O vencimento para maio, o mais ativo, subiu 0,54% (3,50 centavos de dólar), a US$ 6,4925 o bushel.
Outro impulso veio do relatório do IGC, reduziu sua estimativa para a produção de grãos e fibras em 5 milhões de toneladas, para 2,281 bilhões de toneladas. Os cortes foram feitos devido a percepção de menor produção de milho e soja na América do Sul e de sorgo em outras regiões.
Agora, a instituição prevê produção de milho em 2021/22 1,207 bilhão para 1,203 bilhão de toneladas, enquanto a estimativa de consumo foi mantida em 1,2 bilhão. Já os estoque finais foram reduzidos para uma projeção de 281 milhões de toneladas.
Nos EUA, o USDA informou que exportadores do país fecharam contratos para a venda líquida de 820 mil toneladas de milho de 2021/22 até 10 de fevereiro, uma alta de 39% na comparação semanal, mas baixa de 61% em relação a média das quatro semanas anteriores. Outras 113 mil toneladas do cereal foram negociadas para 2022/23. Os embarques de milho no período somaram 1,6 milhão de toneladas, com avanço de 41%.
Por fim, a soja também subiu. O contrato para maio, o mais negociado atualmente, avançou 0,3% (4,50 centavos de dólar), para US$ 15,960 o bushel. Durante a sessão, os futuros chegaram a ultrapassar os US$ 16 por bushel, mas acabaram voltando ao final das negociações.
Em seu relatório mensal, o IGC cortou a estimativa para a produção global da oleaginosa. A previsão foi reduzida em 15 milhões de toneladas devido à seca no Brasil, Argentina e Paraguai, para 353 milhões de toneladas.
A percepção de consumo também diminuiu, neste caso 8 milhões de toneladas, para 363 milhões de toneladas, enquanto os estoques foram reduzidos em 9 milhões de toneladas, para 363 milhões.
Por outro lado, os dados semanais de exportações americanas ficaram aquém da expectativa dos traders. O USDA reportou a venda líquida de 1,4 milhão de toneladas de soja na semana até o dia 10 de fevereiro, queda de 15% ante a semana anterior, mas elevação de 26% na comparação com a média das últimas quatro semanas. Outras 1,5 milhão de toneladas foram negociadas para 2022/23.
Os embarques de soja no período somaram 1,2 milhão de toneladas, com queda de 7% no comparativo semanal.
Fonte: Valor Econômico