O milho registrou alta nesta quinta-feira na bolsa de Chicago, apoiado em um expressivo aumento nas exportações do cereal pelos Estados Unidos. O contrato para março, o mais ativo no momento, subiu 0,94% (5,50 centavos de dólar), a US$ 5,9125 o bushel. Na posição seguinte, maio, a alta também foi de 0,94% (5,50 centavos de dólar), para US$ 5,9275 o bushel.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que os americanos negociaram 1,95 milhão de toneladas de 2021/22 até 9 de dezembro, alta semanal de 72% e de 74% na média. Ainda 754,4 mil toneladas foram negociadas para 2022/23. No mesmo período, os embarques foram de 1,09 milhão de toneladas, queda semanal de 21%.
No Brasil, a AgRural já vê perdas pesadas na produção de milho verão no Rio Grande do Sul. Mais cedo, a consultoria cortou em 1,2 milhão de toneladas sua previsão para a colheita no Estado na comparação com a previsão de novembro, para 4,4 milhões de toneladas.
As áreas mais afetadas se concentram no noroeste gaúcho, que começa a plantar em meados de agosto e cujo milho sofreu impacto do tempo quente e seco de novembro e início de dezembro. Também há perdas em Santa Catarina e no Paraná, mas elas ainda são isoladas.
A produção de milho verão na safra 2021/22 do Centro-Sul do Brasil é estimada pela AgRural em 20,3 milhões de toneladas, 1,4 milhão abaixo da projeção de novembro. Vale destacar que o milho verão não é a principal safra do país — a safrinha é bem mais volumosa.
Outro fator que impulsionou os futuros dos grãos é uma visão que se consolidou entre os investidores de que a variante ômicron do coronavírus não deverá afetar a demanda por commodities agrícolas. “Os alimentos estão sempre em demanda, embora ocorram mudanças na dieta durante os bloqueios mas as alterações de demandas são pontuais”, disse Arlan Suderman, da StoneX, à Dow Jones Newswires.
Sob esse fator, e em meio a revisões na safra brasileira, a soja também subiu. O contrato para março (o mais negociado) avançou 1,17% (14,75 centavos de dólar), a US$ 12,7725 o bushel.
Assim como no milho, a AgRural reduziu sua estimativa de produção de soja na temporada 2021/22 do Brasil, de 145,4 milhões de toneladas, divulgada no início de novembro, para 144,7 milhões de toneladas. Apesar da queda, o volume poderá ser recorde, se confirmado.
Segundo a consultoria, o que pesou foi a produtividade, que agora é calculada com base nas condições de clima e desenvolvimento das lavouras por Estado, em substituição às linhas de tendência usadas até então.
Com isso, houve alterações em praticamente todos os Estados. Mas apenas um, neste momento, já teve corte motivado por estiagem: foi o Paraná, cuja produção caiu 900 mil toneladas em relação à estimativa de novembro, para 20,9 milhões, destaca a AgRural. “O corte deveu-se a perdas em áreas mais adiantadas da região oeste, onde a soja já em fase reprodutiva enfrentou calor e falta de chuva”.
Nos Estados Unidos, o saldo líquido de vendas de soja pelos americanos (resultado de novos contratos e cancelamentos) da temporada 2021/22 somou 1,31 milhão de toneladas na semana encerrada em 9 de dezembro, informou o USDA. Esse volume é 20% inferior ao da semana anterior e 6% abaixo da média das últimas quatro semanas.
No que diz respeito aos embarques, os americanos enviaram 1,9 milhão de toneladas ao exterior na semana, 21% menos que nos sete dias anteriores. Desse total, 1,04 milhão de toneladas foram para a China.
E depois de cair quase 4% na véspera, o trigo conseguiu recuperar parte das perdas. O contrato com entrega março, o mais negociado, subiu 1,92% (14,50 centavos de dólar), a US$ 7,7050 o bushel.
Além de traders mais ativos nesta quinta-feira, com o mercado superando a confirmação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de que haverá aumento de juros nos EUA no ano que vem e do arrefecimento das preocupações com a ômicron, as boas vendas do trigo americano ao exterior foram outro suporte.
O USDA reportou que as vendas líquidas de trigo dos EUA totalizaram 650,6 mil toneladas, com leve alta na comparação com a semana anterior. Já os embarques do cereal no período somaram 274,4 mil toneladas, com elevação de 29%.
Outra notícia positiva para a demanda foi a de que a França exportou seu maior volume mensal de trigo desde outubro, segundo a AgriCensus. Grande parte dessas compras foi da China, o que sempre traz uma expectativa positiva ao mercado, embora as vendas francesas têm mais peso mais sobre os futuros negociados na bolsa de Paris.
Fonte: Valor Econômico