Especialistas do Banco acreditam que taxa básica de juros permanecerá em 2% até o quarto trimestre de 2021 e, depois, será elevada
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve, na última quarta-feira, 28, a taxa Selic em 2% ao ano, conforme expectativa do mercado. Em seu comunicado, a autoridade monetária afirmou que a inflação de curto prazo ficou acimado esperado e, por isso, elevou a sua projeção para 2020. Enfatizou, entretanto, que, as pressões nos preços são temporárias.
O cenário para a inflação tem apresentado algumas importantes mudanças no curto prazo, especialmente com pressões de alimentos, de acordo com especialistas do Safra. Com o novo panorama, os economistas do Banco ajustaram a projeção da taxa básica de juros.
“Esperamos que a Selic permaneça estável em 2% até o quarto trimestre de 2021,quando deve começar a ser ajustada para levar a inflação de 2022 para a meta, terminando 2021 em 2,5%”, destaca o relatório dos especialistas do Banco. Este movimento, segundo o time de macroeconomia do Safra, tem como foco levar a inflação de 2022 para dentro da meta.
Além disso, os analistas do Safra também alteraram as projeções para o IPCA em 2020,que passou de 2,9% para 3,1%. E, em 2021, avançou de 3,1% para 3,5%.
Cenário inflacionário é observado com atenção
De acordo com o relatório do Safra, na decisão sobre a Selic no último dia 28, o Copom subiu um degrau na preocupação com o cenário inflacionário ao mencionar que “monitora sua evolução com atenção” e também ao classificar a inflação subjacente em “níveis compatíveis” com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e não mais “abaixo dos níveis compatíveis”, como nos comunicados anteriores.
Segundo as últimas avaliações dos especialistas do Banco, o cenário para a inflação tem apresentado importantes mudanças no curto prazo, com destaque para pressões de alimentos.
Para os especialistas, os preços devem subir no médio prazo, por conta de um repasse maior do câmbio aos preços, pela retomada esperada no setor de serviços, que postergou reajustes neste ano por conta da pandemia, e pela recuperação no mercado de trabalho em nível condizente com a projeção de crescimento do PIB no próximo ano, estimado em 4,5%.
Apesar de risco fiscal, BC não descarta queda da Selic
O Banco Central classificou o risco fiscal como elevado, fato que segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, refletindo, segundo o time de macroeconomia do Safra, a dificuldade em equacionar as
demandas em torno do orçamento de2021, após o fim do estado de calamidade.
Mas, mesmo com a elevação do risco fiscal, o Copom manteve a prescrição futura( forward guidance ) em que sinaliza que “não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas”, como esperado.
Os membros do Copom também apontaram que o regime fiscal não foi alterado e que a autoridade monetária irá apenas reagir a um cenário de deterioração, caso venha ase materializar. Foi mantida a frase “O espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.
Segundo os especialistas do Safra, parte do mercado esperava que, considerando os riscos fiscais e a pressão de curto prazo, o Copom retiraria a menção ao “espaço remanescente” para redução da taxa de juros.
Embora tenha sido excluído o trecho sobre “ajustes futuros” da Selic, o comunicado do BC manteve entre as suas opções a possibilidade de nova queda da Selic. Foi considerado o cenário ainda bastante incerto sobre a atividade econômica e também sobre a pandemia.
Fonte: Valor Econômico