Com o avanço acelerado da semeadura das culturas de verão, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou sua estimativa para a produção brasileira de grãos e fibras nesta safra 2021/22. Em seu terceiro levantamento sobre a temporada, a estatal passou a projetar um volume total recorde de 291,1 milhões de toneladas, 15% superior ao de 2020/21, quando as lavouras de milho, sobretudo, foram afetadas pela falta de chuvas. Em relação à previsão do mês passado, essa já é cerca de 0,4% maior.
A estimativa para a área total a ser cultivada também subiu, de 71,9 milhões para 72 milhões de hectares aumento de 4,3% ante a temporada anterior. Segundo a Conab, estão incluídas nesse cálculo as culturas de segunda safra, com plantios entre janeiro e abril, e também as de terceira safra e de inverno (semeadura entre abril e junho), mas com base em suas áreas médias nos últimos anos.
Além da área, o clima, até agora favorável embora já existam previsões de falta de chuvas no Sul nas próximas semanas, foi responsável pela elevação na estimativa de colheita, por indicar uma produtividade média maior que a inicialmente prevista. A projeção da estatal para o rendimento médio das lavouras subiu para 4.042 quilos por hectare, ante os 4.033 calculados no mês passado e os 3.641 de 2020/21.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou ontem novas estimativas para a safra, deverá atingir 278 milhões de toneladas em 2022, 10% acima do previsto para este ano. Na comparação com o primeiro prognóstico, houve um aumento de 2,7%, ou 7,3 milhões de toneladas. “Esse aumento se deu em função da entrada de informações de campo da nova safra. Também houve influência do clima, que tem ajudado”, afirmou Carlos Barradas, gerente da pesquisa do IBGE.
A soja mais uma vez é o destaque da agricultura nacional, com produção projetada pela Conab em 142,8 milhões de toneladas em 2021/22, 0,5% mais que o previsto em novembro e volume 4% superior ao do ciclo passado. O avanço reflete principalmente a previsão de crescimento da área de plantio – 3,7%, para 40,4 milhões de hectares.
Já a colheita total de milho (primeira, segunda e terceira safras) deverá se recuperar e somar 117,2 milhões de toneladas, com aumento de 34,6% na comparação com o ciclo passado. Das três safras do cereal, a que terá maior recomposição será a segunda, cuja colheita perdeu mais de 20% do volume no ano passado. A próxima “safrinha” é calculada pela Conab em 86,3 milhões de toneladas, com crescimento de 42%.
“Em 2021, tivemos muitos problemas climáticos, principalmente na segunda safra. Como as chuvas demoraram, o plantio e a colheita da soja atrasaram, estreitando a janela de plantio da segunda safra do milho. Além disso, o clima seco prejudicou a produção”, ressaltou Barradas, do IBGE que estima a colheita total do cereal em 109,4 milhões de toneladas em 2022.
No caso do arroz, a estatal estima produção de 11,5 milhões de toneladas em 2021/22, um leve corte em relação às 11,5 milhões projetados no mês passado e 2,5% menos que em 2020/21. Para o feijão que também tem três safras por temporada no país – a expectativa é de avanço de 9%, para 3,1 milhões de toneladas. Isso por causa do aumento da produtividade média previsto para as lavouras, de 9,6%, e não por aumento de área. O feijão de inverno, como o milho, também foi prejudicado em 2020/21 por seca e geadas.
Para o algodão em pluma, a Conab prevê colheita de 2,6 milhões de toneladas, 12,6% mais que na temporada passada, mas 1,6% abaixo do previsto no mês passado.
Por fim, a Conab faz uma correção para cima nas projeções para a produção de trigo que, no momento, está saindo dos campos brasileiros. A estatal prevê agora colheita de 7,8 milhões de toneladas, ante 7,7 milhões no mês passado. O número representa um aumento de 25,6% em relação ao resultado de 2019/20, mas é bem mais baixo do que as estimativas iniciais (8,6 milhões).
Segundo a Conab, em novembro foi registrado grande volume de chuva, que superou a média histórica em diversos polos produtivos, principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e no “Matopiba”, o que favorece o desenvolvimento das culturas de primeira safra. No entanto, no Sul do país as precipitações não foram suficientes para atingir a média em grande parte da região, e por isso será necessário acompanhar de perto o desenvolvimento das lavouras, especialmente no Rio Grande do Sul.
Fonte: Valor Econômico, adaptadas pela Equipe MilkPoint