Taxas de contêineres chegam a registrar aumento de até 1000% se comparadas ao ano passado. Situação é sem precedentes, compromete todas as cadeias de suprimento e não deve ser resolvida no curto ou médio prazo.
Nos últimos meses, problemas marítimos ao redor do mundo agravaram a falta de contêineres para a exportação ou importação de produtos. O problema logístico, que já acontecia antes da pandemia causada pelo coronavírus, se agravou após os países fecharem suas fronteiras após o surgimento da doença. De acordo com Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, explicou que os contêineres giram o mundo e que qualquer gargalo nessa logística é o suficiente para causar um grande problema de abastecimento global.
No caso atual, grandes entraves acabaram acontecendo quando o canal de Suez ficou intransitável por causa de um navio encalhado e mais atualmente com o fechamente do porto Ningbo, o terceiro maior do mundo e que fica na China.
Com tantos entraves ao redor do mundo, o preço dos contêineres aumentaram em cerce 1.000% nos últimos anos, indo de US$ 300 para US$ 15, 20 mil. Para Pizzamiglio, irá demorar pelo menos 1 mês para que a circulação de contêineres volta a uma certa normalidade. “O trânsito de um navio da China para o Brasil demora cerca de 45 dias, ou seja, serão necessários 3 meses para que o cenário melhore”, disse.
Enquanto isso, o Brasil tem sofrido com omissões de navios, que não atracam em portos menores e simplesmente deixam de embarcar as cargas desses lugares. Além disso, boa parte dos insumos agrícolas são importados da China e o atual atraso pode dificultar a chegada desses produtos nas lavouras brasileiras.
Brasil poderia estar exportando mais carnes
De acordo com Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), algumas empresas tem tido problemas com a falta de contêineres e com diminuição de linhas de navios ofertadas, além do aumento de preços do frete marítimo. “Isso vai ocorrendo pontualmente, já que diminuíram a quantidade de linhas ofertadas no Brasil. O fluxo é tão grande que qualquer embarque atrasado repercute em diversos pontos do mundo”, explicou.
Para Santin, a atual crise de transporte de cargas por meio de navios para exportação faz com que o Brasil perca a oportunidade de exportar mais proteínas animais. “Em um ano em que estamos batendo recordes de exportação, 17% a mais de suínos e 6,7% a mais de carne de frango, não é possível dizer que há muita dificuldade, mas sim que houveram perdas pontuais, já que o mercado está muito demandado”, pontuou Santin.
O presidente da ABPA considera que é possível que pequenas empresas nacionais estejam perdendo contratos por falta de escala. “É algo que não tem nada do que fazer, atrasou em nível global, e aumentou o custo também”, reflete.
A Associação está tentando sensibilizar o Governo Federal no médio e longo prazo para viabilizar medidas de forma a facilitar o aumento na exportação de vários produtos do agronegócio. No entanto, para isso acontecer, precisa haver estrutura portuária, de armazenamento, ferroviária, berços de navios maiores, calados de portos mais profundos, “enfim, uma série de medidas que precisam ser trabalhadas em conjunto com o governo federal”, disse.
“Nós enfrentamos a crise, o setor está em dificuldade, mas estamos conseguindo avançar, crescer e enfrentar essa situação, mas poderia ser bem melhor. Os exportadores estão tendo que pagar mais pelo transporte, e este aumento está conseguindo ser repassado porque observamos um avanço na receita quando se olha para os dados de exportação. Há uma dificuldade também de logística interna, de armazenagem e timing de chegada do navio”, finalizou.
Fonte: Noticias Agrícolas