Brasil inicia plantio da nova safra de soja com preços 30% mais altos do que há um ano

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FICHA DE CONSUMO DE SUPLEMENTO MINERAL GRÁTIS

A semana foi marcada pelo início do plantio da soja 2021/22 no maior estado produtor do Brasil, o Mato Grosso, com o final do vazio sanitário. O começo dos trabalhos de campo se dá com preços bastante elevados para os produtores brasileiros, dando boas oportunidades de negócios e com uma demanda dando bons sinais a uma oferta que pode ser a maior da história. Assim, não só a semeadura foi destaque, como uma retomada no ritmo de vendas da oleaginosa tanto da safra velha, quanto nova. 

Há um ano, em 15 de setembro de 2020, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago estavam cerca de 30% mais baixos, com o novembro valendo US$ 9,91, contra o fechamento desta sexta-feira (17) em US$ 12,84, acumulando um ganho de 29,57%. O maio, referência para a safra brasileira, valia US$ 9,96, enquanto fechou o último pregão em US$ 12,97, subindo 30,22%. 

Esta diferença, aliada a um dólar alinhado com o patamar do mesmo período do ano passado – quando estava em R$ 5,28 em 15 de setembro do ano passado e, impressionantemente, no mesmo valor nesta sexta – e a prêmios também mais altos do que há um ano, os indicativos para a soja nos portos do Brasil também são maiores e, consequentemente, mais atrativos para o sojicultor brasileiro. 

No terminal de Paranaguá, a soja da safra 2021/22 testou um intervalo de R$ 162,00 a R$ 163,00 por saca neste final de semana, segundo informou a Brandalizze Consulting, contra referências de R$ 119,00 no mesmo período do ano passado. Para a soja disponível, a diferença também é expressiva. Em 15 de setembro do ano passado, os negócios aconteciam na casa de R$ 135,00 por saca e neste ano testaram, nesta semana, níveis de até R$ 178,00 nesta semana. Alta de 31,85%. 

O indicador Cepea para a soja, no mesmo período de comparação, subiu 28,78%, passando de R$ 133,69 para R$ 172,16 por saca. 

“A liquidez no mercado da soja voltou a crescer, especialmente nos portos nacionais. Isso porque a valorização do dólar frente ao real atraiu importadores e incentivou produtores a negociar lotes, especialmente os da safra 2020/21. Nesse cenário, os preços da soja reagiram”, explicaram os pesquisadores do Cepea em uma nota nesta segunda-feira (17).

E essa melhor liquidez  fez com que a semana se encerrasse com a comercialização de 15 milhões de sacas de soja, com volumes da safra velha e nova. 

DEMANDA: BRASIL X EUA

A China comprou mais de 10 navios de soja brasileira para embarque outubro – além do que tem comprado também da safra nova – diante dos problemas logísticos ainda enfrentados pelos EUA e mesmo frente a preços bastante elevados. Do mesmo modo, também nesta semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou dois cancelamentos de compras de soja – sendo um da nação asiática e outro de destinos não revelados – e, na sequência, mais duas compras por parte dos chineses que somaram 264 mil toneladas para destinos não revelados. 

O movimento, de um lado, deu espaço para o avanço dos preços no Brasil e, de outro, ajudou a pressionar as cotações da commodity na Bolsa de Chicago, mesmo que pontualmente.

Para Victor Martins, analista da Hedge Point Global Markets, esse movimento de washout das vendas de soja americana para cobertura com soja brasileira, apesar de chamar a atenção do mercado, precisa considerar alguns pontos que levaram o mercado a simplesmente “ignorar” esses cancelamentos. 

“O primeiro ponto que devemos observar é a respeito das condições dessas negociações, visto que essa operação foi uma negociação “inhouse” pela trading (renegociação interna) e com origem opcional. Ou seja, visto que o motivo da cobertura desse volume ser pela incapacidade logística americana de ofertar soja pelo Golfo, as operações aqui no Brasil foram fixadas com origem opcional, o que permite ao exportador poder novamente cancelar essas compras no Brasil, e recobrir esse volume com soja americana, caso a logística ocorra a tempo dado os termos de embarques. Esse movimento já começa a se desenhar devido ao incentivo das operadoras portuárias dado as margens de elevação que estão muito lucrativas, que refletem também inclusive no movimento dos Basis da soja no interior americano”, explica Martins. 

Além disso, Martins destaca ainda o fato de que os preços da soja brasileira estão muito elevados. “Os cargos foram negociados a níveis de até US$ 4,30 por bushel acima da CBOT (custo e frete China), 50 cents de dólar por bushel mais caro que um cargo ofertado pelo PNW (portos do Pacífico)”.

Dessa forma, “esses prêmios elevados pagos na soja brasileira evidenciam que a China realmente não está preocupada com margem e sim em garantir suprimento, pagando um prêmio elevado para garantir esse embarque dentro de outubro/21”. E com isso, ainda como explica Martins, o quadro que se desenha é de uma demanda chinesa cada vez mais concentrada e dependente da soja americana – uma vez que precisa atender às suas indústrias esmagadoras que vêem seus estoques de farelo caindo e acelerando a necessidade de matéria-prima – “o que pode trazer forte demanda de compras nos EUA dentro das próximas semanas, assim que a logística já voltar a ser retomada”. 

Na outra ponta, o plantio brasileiro da soja começa com boas perspectivas, apesar de alguns riscos e exposições, podendo resultar, inclusive, em primeiras colheitas já podendo aparecer no final deste ano ainda em partes de Mato Grosso. 

De acordo com  a gerente de Defesa Agrícola da Aprosoja MT, Jerusa Rech, a associação estima uma produção no estado de 37 milhões de toneladas. Segundo seus relatos, o oeste do estado registra as melhores condições climáticas e por isso foi o primeiro a dar a largada na semeadura 2021/22 e que a colheita poderia, inclusive, começar já no final deste ano. 

Do mesmo modo, o grupo Bom Futuro, um dos maiores do país, trouxe um reporte ao mercado nesta semana também registrando o início do plantio e um considerável aumento de área de quase 3% para 313 mil hectares cultivados com soja. 

Dados do IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) mostram que 0,28% da área de soja já foi plantada em Mato Grosso, contra 0,26% da safra passada e 0,23% de média dos últimos cinco anos. 

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No Paraná, segundo maior estado produtor da oleaginosa no país, os trabalhos de plantio também já começaram, uma vez que o vazio sanitário se encerrou no último dia 10 por lá.

“Em janeiro o Brasil já volta a estar competitivo caso tudo corra bem com a safra”, resume o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, sobre o protagonismo que o país deverá intensificar na sojicultura global nesta temporada. Reveja a entrevista na íntegra:

Os olhos todos estão agora voltados para o clima nas regiões produtoras do país. De acordo com informações do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), os modelos climáticos começam a indicar a mudança no cenário de seca para o Brasil Central a partir do dia 25, com a chega gradual das chuvas. No entanto, são esperadas ainda precipitações irregulares, exigindo do produtor que ele siga monitorando o cenário para garantir as condições ideais para o plantio.

Há ainda a previsão de um La Niña podendo atuar no país durante outubro e mesmo que de curta duração, poderia mexer com o regime de chuvas, o que é outro ponto de atenção para esta nova safra. 

A temporada 2021/22 começa com boas perspectivas de preços, de demanda e, consequentemente, de negócios remuneradores para os sojicultores brasileiros. No entanto, os custos cerca de 30% mais altos nesta safra – puxados principalmente pelos fertilizantes – e as incertezas climáticas deixam os produtores um pouco mais expostos e, consequentemente, mais cautelosos. 

Assim, a comercialização não avança no mesmo ritmo do ano passado, mesmo diante de boas margens que os preços da soja ainda ofertam, O importante agora é estar com as informações sobre as variáveis formadoras de preços alinhadas e com as ferramentas de proteção do seu lucro em dia e em acordo com sua gestão. 

Fonte: Noticias Agrícolas

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