Os preços da arroba tiveram poucas alterações, mas retomada das exportações para China traz uma nova tendência de alta no mercado
O mercado físico de boi gordo manteve preços estáveis nesta terça-feira, 23, em dia de poucos negócios. Segundo análise, os frigoríficos que estão voltados apenas para o mercado interno estão buscando exercer uma pressão de baixa nos preços. Entretanto, aqueles que possuem habilitação para exportação, estão oferecendo melhores preços para garantir a matéria-prima no campo.
“Atualmente, a maior parte das indústrias frigoríficas opera com abate reduzido como estratégia de contenção frente ao desgaste das margens operacionais e à dificuldade no repasse dos custos aos demais elos da cadeia”, ressalta a IHS.
Segundo a Scot Consultoria, o cenário é de dificuldades para manter as programações de abate, reflexo da oferta curta. O boi gordo que atende o mercado interno está apregoado em R$300,00/@, preço bruto e à vista. Os negócios para vaca e novilha gordas estão em R$280,00/@ e R$290,00/@, respectivamente, nas mesmas condições.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 299,91/@, na terça-feira (23/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 289,91/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 279,47/@. O indicador do boi gordo do Cepea recuou pelo terceiro dia consecutivo e passou de R$ 302,45 para R$ 300,80 por arroba.
A fraqueza da demanda interna gerou quedas nos preços do atacado nos últimos dias e a arroba reflete esse movimento. Ainda assim, parece haver pouco espaço para maiores desvalorizações e com o fim do feriado de Ano Novo na China, a tendência é de retomada das exportações.
Mercado futuro
No mercado futuro, os contratos de boi gordo tiveram comportamento misto, mas as altas predominaram considerando toda a curva. O vencimento para fevereiro recuou de R$ 302,95 para R$ 302,80 por arroba, o março subiu de R$ 299,90 para R$ 300,35 e o maio teve uma leve queda de R$ 287,50 para R$ 287,45.
Boi China mais valorizado
Algumas plantas industriais estão de férias coletivas em função da dificuldade em comprar a matéria-prima (boiadas gordas), informa a consultoria.
Por sua vez, em regiões onde existem plantas habilitadas para exportação, a indústria ainda consegue adequar e mitigar melhor os seus custos operacionais, acrescenta a IHS. Nestas praças, a demanda por animais prontos para abate segue firme e tem colaborado para sustentação dos preços, com movimentos de alta em algumas localidades.
Em alguns casos, os ágios para esses animais ultrapassa o valor de R$ 10,00/@. Segundo as informações, os pecuaristas estão recebendo até R$ 305,00/@ nos animais que atendem aos padrões.
Giro do boi gordo no Brasil
Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou a R$ R$ 303 – R$ 304 a arroba.
Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 290, inalterado.
Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 290, estável.
Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 295, ante R$ 296.
Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 303 a arroba, estável.
Exportação de carne bovina in natura
O Brasil exportou 71,3 milhões de toneladas de carne bovina in natura até a terceira semana de fevereiro, um aumento de 26,6 milhões de toneladas em comparação com a semana anterior.
Relacionando apenas os três dias úteis da semana passada com o volume embarcado, a média diária exportada foi de 8,77 mil toneladas, um aumento em comparação com as duas primeiras semanas de fevereiro, cuja média diária fora de 4,49 mil toneladas.
Até a terceira semana, a média diária exportada foi de 5,48 mil toneladas, 10,7% menor que fevereiro do ano passado, contudo o preço da tonelada exportada está 2,6% maior quando comparado ao mesmo período, subiu de U$4,43 mil para U$4,54 mil.
Atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina se acomodaram após as recentes quedas. Conforme Iglesias, o cenário doméstico não permite que sejam evidenciados novos reajustes da carne bovina, uma vez que o consumidor médio inicia o ano descapitalizado, em um amplo processo de migração com destino à carne de frango. “Com um ano ainda pautado por grandes incertezas macroeconômicas esta é uma premissa que deve ser mantida”, pontua o analista.
Com isso, o corte traseiro seguiu com preço de R$ 19,50 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 15,50 o quilo, assim como a ponta de agulha.
Quarta-feira com o boi na sombra
A quarta-feira se encerrou sem muitas mudanças para o mercado de carne bovina. O ritmo dos negócios foi ditado pela baixa liquidez no varejo e escassez de oferta. Os frigoríficos ainda não conseguem cumprir suas programações de abate, mantendo as escalas encurtadas com uma média nacional de 4 dias. Com a impossibilidade de repasse, os preços no atacado seguem sem alterações, a carcaça casada de boi ficou cotada a R$ 18,00/kg.
Já na B3 o dia se encerrou com leve desvalorização. O mercado futuro seguiu o caminho observado no físico na terça-feira, e ficou mais próximo dos R$ 300,00/@ na referência paulista. Dessa forma, o contrato com vencimento para março/21 ficou cotado a R$ 298,40/@, sofrendo recuo de 0,65%. Já o vencimento para maio/21 desvalorizou 0,19%, finalizando o dia cotado a R$ 286,90/@.
Fonte: Compre Rural