Ano foi de safra cheia e bolso vazio

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FICHA DE CONSUMO DE SUPLEMENTO MINERAL GRÁTIS

Entidade não vê espaço para alta dos preços agrícolas em 2024

O resumo da produção neste ano é a velha máxima de safra cheia e bolso vazio”. Foi assim que o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, sintetizou, nesta quarta-feira (6/12), o ano de 2023 para o setor agropecuário, influenciado pela manutenção de custos elevados, com altas de até 80% nos preços de fertilizantes na comparação com períodos anteriores, e pela queda de até 30% nas cotações das commodities do campo.

Segundo Lucchi, o ano foi caracterizado por “margens muito estreitas” para agricultores e pecuaristas. O cenário foi agravado com a ocorrência de conflitos fundiários e invasões de terra pelos país – foram 71 episódios até novembro – que “tiraram o sossego” e forçaram os produtores a colocarem o pé no freio nos investimentos.

Questionado sobre as margens positivas do setor agropecuário em 2022, quando o cenário era de preços altos, Lucchi disse que poucos produtores conseguiram ganhar dinheiro com essas cotações elevadas. “Foram nichos, quem teve gestão, estoque de armazém. Poucos produtores conseguiram aproveitar ao máximo as margens maiores”, apontou.

Ele analisou que o movimento de baixa em 2023 resultou na “normalização” para algumas cadeias, mas que outras, como a do leite, têm acumulado prejuízos ano após ano. E para 2024, a previsão é de resultados negativos para mais segmentos.

“Para boa parte das cadeias, 2024 pode ser pior que 2023, porque não é uma normalização, mas sim a intensificação dos prejuízos”, afirmou.

Preços agrícolas

Lucchi afirmou que o aumento dos estoques mundiais de grãos, como soja e milho, e a sinalização de que a economia mundial não vai crescer de forma aguda em 2024 minam as possibilidades de elevação dos preços das commodities agrícolas no próximo ano. Com consumo praticamente estagnado, não há no horizonte previsão de recuperação das cotações nas cadeias do agro.

“Não vai ter consumo muito elevado no próximo ano porque a economia mundial não dá sinais de que vai crescer de forma abrupta”, disse.

Segundo ele, a cana-de-açúcar é uma das poucas cadeias que podem ter elevação de preço em 2024, por conta de problemas climáticos em importantes países produtores, como Índia e Tailândia. No caso da carne bovina, o consumo nacional deverá crescer pouco, cerca de 1,2%, e o mercado externo também deve caminhar de lado.

Mesmo com os efeitos do clima, que é o fator de maior preocupação da entidade, a produção brasileira deverá ser robusta, e por isso não deverá impactar na formação dos preços. Mas a CNA diz que as previsões de colheita serão cortadas, já que os meses de dezembro e janeiro sofrerão influência do El Niño em seu estágio forte.

A entidade não sabe estimar o quanto a previsão de colheita pode cair. “Não temos muito espaço para crescimento de preços nas commodities. Apesar de o tamanho da queda ainda não estar desenhado, por conta do cenário internacional que não terá aumento de demanda, não há essa sinalização de alta nos preços”, disse Lucchi.

De olho no clima, a CNA vai pedir ao Ministério da Agricultura a extensão da janela de plantio da soja, que em muitos Estados termina em 31 de

dezembro. O objetivo é garantir a semeadura desta safra. A safrinha do milho, no entanto, ficará com uma janela ainda mais curta e a produção do cereal corre risco, disse Bruno Lucchi.

“Para o milho, já tinha sinalização de área menor, mas vemos que, com o replantio da soja, vamos ter janela de plantio muito menor. Pode ser um fator que vai inibir a produção que poderá ser menor do que se estima”, afirmou na coletiva.

A atenção não está apenas na safra 2023/24. Lucchi salientou que a tendência é de não haver período de neutralidade ao fim da ocorrência do El Niño. A previsão é que o fenômeno La Niña ocorra já em meados de 2024.

Para o diretor técnico, essas tendências reforçam a cobrança para a elevação do orçamento destinado ao Programa de Subvenção do Prêmio do Seguro Rural (PSR). A CNA defende R$ 3 bilhões para a política em 2024.

“Mais do que nunca precisamos da política da criação da cultura do seguro, precisamos de recursos para o PSR e ele tem que ser uma política de Estado”, disse. Com os R$ 3 bilhões, seria possível cobrir uma área de 14 milhões de hectares no país, estima a CNA.

A entidade reclamou de retrocessos na política neste ano. O orçamento inicial de R$ 1,06 bilhão foi cortado e a suplementação de R$ 500 milhões ainda é uma incógnita. Com isso, a conta pode ficar para o produtor, alertou Bruno Lucchi.

“Esse ano não conseguimos evoluir. Pelo contrário, ao invés de aporte extra teve corte. Ainda se discute a possibilidade de suplementação, mas boa parte dos produtores que não tiveram acesso à subvenção não contrataram apólices ou contrataram e estão aguardando. Se não sair esse recurso, podem desistir da apólice”, apontou.

Segundo ele, é preciso “massificar” o seguro rural para que o preço cobrado do produtor caia, movimento contrário do que ocorreu nos últimos anos devido à alta sinistralidade causada pelas secas recorrentes no Sul do país. Sem isso, os agricultores continuarão dependentes da subvenção.

“Sem o auxílio da subvenção, fica caro e o produtor não contrata. Se ele tem frustração de safra, fica endividado. Para contratar particular, o prêmio é alto e a margem menor na atividade pode ficar menor ainda”, apontou.

Fonte: Globo Rural

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